Rei coloca na lista o milésimo, o de 'placa' do Maracanã e o de um recorde pessoal. O tento histórico contra o Juventus é deixado de lado
Bonito, importante, histórico... Escolher três gols em mais de mil que Pelé marcou não é tarefa fácil. Nem mesmo para ele. Com a camisa do Peixe, o Rei mandou nada menos do que 1.091 bolas para as redes adversárias. Às vésperas do Centenário do clube, ele lista os três mais marcantes. Curiosamente, se esquece da obra-prima que compôs contra o Juventus, na Rua Javari, no dia 2 de agosto de 1959, quando aplicou chapéus sucessivos em três marcadores e mais o goleiro Mão de Onça.
Para fazer sua lista, Pelé prefere se apegar à importância dos gols. Assim, o primeiro é escolha óbvia: o milésimo, marcado no dia 19 de novembro de 1969, contra o Vasco. O jogo foi válido pela Taça de Prata, e o Santos venceu de virada: 2 a 1.
Aos 33 minutos do segundo tempo, o volante Clodoaldo lançou Pelé, que foi derrubado dentro da área pelo zagueiro Fernando.
O árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou pênalti e mais de 65 mil pagantes, inclusive torcedores do Vasco, foram ao delírio. Pelé foi para a cobrança contra o goleiro argentino Andrada. Com as pernas tremendo, como ele mesmo relatou anos depois, o Atleta do Século deu a paradinha e bateu no canto esquerdo do arqueiro, que ainda tocou na bola, mas não impediu a marca histórica.
– Acho que o milésimo gol foi importantíssimo para toda a história do futebol, o mundo todo esperando, nunca ninguém alcançou um feito igual (Friedenreich teria marcado mais de mil gols, mas numa época em que o futebol era amador e não havia súmula). Por isso, chamou a atenção de todo mundo – disse Pelé, que pegou a bola do fundo das redes e foi cercado por jornalistas, jogadores e fãs. Nos braços de todos, Pelé mostrou seu lado humano.
– O pedido para o governo se preocupar com as crianças. Hoje, a gente vê o Brasil com problemas sérios a respeito dos jovens. Roubos, assaltos, criminalidade. Acho que se tivessem dado educação às crianças naquela época, hoje teríamos um Brasil bem melhor. Por isso tudo não da para esquecer o milésimo gol – lembrou.
Se o primeiro da lista foi escolhido pela importância, Pelé abre uma brecha para a plasticidade no segundo da lista. Com inúmeros gols bonitos na carreira, Pelé colocou um de seus gols de placa na lista. No mesmo Maracanã do milésimo, só que oito anos antes, no dia 5 de março de 1961, o Rei do Futebol deixou os torcedores extasiados.
Na vitória por 3 a 1 contra o Fluminense, Pelé marcou “o primeiro gol de placa do Maracanã”. Ele driblou praticamente o time todo do Tricolor antes de mandar para o fundo das redes.– Outro gol foi o de placa, também no Maracanã. Foi um gol que não dá para esquecer, contra o Fluminense. Acho que driblei uns quatro ou cinco, desde a intermediária, peguei a bola na meia lua do nosso campo e fui avançando.
Não há documentação deste tento. Algumas emissoras estavam no estádio naquela data, mas as gravações se perderam com o passar dos anos. O que se tem é uma reprodução feita para o filme “Pelé eterno”, longa-metragem que conta a carreira do atacante.
O último da lista de Pelé, mas não menos emblemático, foi o responsável por outra quebra de recorde. O gol em que ele se tornou o jogador a marcar mais vezes em uma partida. Nada menos do que oito. Para ele, o último tento da vitória do Santos sobre o Botafogo-SP, por 11 a 0, no dia 21 de novembro de 1964, na Vila Belmiro, tem de estar na relação.
– Tem um gol aqui na Vila. O jogo contra o Botafogo, que eu consegui o recorde de oito gols em uma partida. Ninguém esperava o último, que foi muito importante. O pessoal nem se lembra, mas para mim foi importante. Foi uma jogada bonita que eu fiz, se não me engano, com Pepe e Coutinho. Tabelamos e fizemos o gol. Foi o oitavo em um jogo de onze. Como foi uma goleada, as pessoas não se lembram, mas para mim teve muita importancia porque até hoje ninguém fez mais de oito gols em uma partida.
Globoesporte.com
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