terça-feira, 14 de julho de 2009

Mancini não é o único culpado

Por Odir Cunha (*)

Como sempre, o técnico pagou o pato pela má fase do time. Depois de tirar leite de pedra e montar a ótima equipe do Vitória, Mancini não conseguiu repetir o bom trabalho no Santos. Mas será que ele era o único culpado pelas atuações desastrosas do time?

Afirmo que não. E para não ficar no campo das cornetagens, proponho um raciocínio lógico:
Se um jogador faz questão de ganhar um ótimo salário, é porque ele se julga um ótimo jogador, certo?

Se o Santos concorda em pagar o que este jogador pede, é porque acredita que ele contribuirá para dar ao time o padrão superior que se espera de uma equipe que entra nas competições pensando no título, certo?

Se o Santos paga um salário acima da média do futebol brasileiro não apenas para um ou dois, mas para quase todos os seus titulares, é normal que se espere que este conjunto de jogadores produza um futebol, ou ao menos consiga resultados também acima da média, certo?

Ora, fica implícito que se um jogador faz questão de ganhar mais do que a maioria dos jogadores brasileiros, terá de jogar melhor do que a maioria, certo?

Porém, infelizmente para os clubes – e para os torcedores – não há uma cláusula neste contrato dizendo que o salário dependerá do nível de futebol jogado, ou dos resultados obtidos.

Aí é que está, para mim, o grande problema atual do futebol brasileiro. A vida de um grande time de futebol depende de vitórias e títulos, mas o profissional que deveria estar mais concentrado em obtê-los, só está pensando em si mesmo.

Como é que se explica que o Vitória, cujo jogador mais bem pago não se aproxima do salário de Domingos, possa golear o Santos por 6 a 2 e estar entre os quatro mais bem classificados, enquanto o Santos já caiu para a segunda metade da tabela?

Alguma coisa está dando muito certo no Vitória e muito errada no Santos, certo? O que pode ser?
Para mim, é o nível de comprometimento.

Antes do jogo, a tevê mostrou os jogadores do Santos brincando de bobinho, alegres, descontraídos. Em princípio, isso parecia bom, pois seria um sinal de tranquilidade. Porém, quando o jogo começou, vimos que estavam preguiçosos, dispersos, indiferentes ao resultado, sem energia para fazer frente à correria do Vitória.

Em minha longa vida de santista nunca vi o time tomar quatro gols em 28 minutos. Para que um desastre destes aconteça, não é só uma questão de jogar mal, é questão de não querer jogar.

Técnica rudimentar

Creio que já fiz uns três artigos falando da necessidade do jogador de futebol profissional dedicar-se aos fundamentos. Se ele é realmente um profissional em uma atividade tão popular no Brasil, tem a obrigação de fazer tudo melhor do que um jogador amador.

Acontece que os jogadores são vaidosos demais para treinarem seus pontos fracos, e os técnicos têm sido fracos demais para insistir nisso. O resultado é que muitos jogadores de time grande, como o Santos, não dominam o be-a-bá do futebol.

Para não citar nomes, direi que há zagueiros que não sabem matar a bola no peito, muito menos dar um passe; atacantes que não sabem chutar, muito menos cabecear; volantes que não roubam uma bola limpa, só sabem fazer falta; laterais que não atacam e nem defendem...

Não dá para acreditar que um novo técnico vá fazer um perna de pau virar um craque, ou transformar um jogador disperso e sem personalidade em um leão em campo.

Para ser justo, além de demitir Mancini, o Santos – depois de analisar o contrato de trabalho de cada um – deveria demitir também os jogadores que deixaram o técnico no mato sem cachorro.
Não gosto de citar nomes, mas só digo que os únicos que não podem fazer parte de uma lista de dispensa – um pela garra e outros dois pelo talento e juventude, apesar de também não estarem jogando bem – são Neymar, Paulo Henrique e Madson. Dos outros titulares que atuaram domingo, nenhum fará a mínima falta.

Como o Santos chegou nisso

Pelé criou a lei com o seu nome porque dizia que o jogador de futebol era escravo do clube. Com todo o respeito ao Rei do Futebol, creio que ele errou na mão, pois transformou os clubes em escravos dos jogadores.

Depois de um bom contrato, com um salário polpudo e uma multa milionária caso seja demitido, o que obriga um jogador de futebol a jogar bem?

Quem respondeu o caráter e a honra acertou, mas quantos jogadores vemos honrando não só o salário, mas o apoio que o clube lhe dá para exercer sua profissão?

Quem respondeu Kaká também acertou. Mas ele, além de craque, é um homem digno, um ser humano educado, de boa formação. Kaká se entrega tanto ao jogo que mesmo quando não está nos seus melhores dias consegue ser decisivo na vitória do seu time. Quem no Santos tem esse caráter, a não ser o denodado Madson?

Repito a pergunta: depois de um bom contrato, com um salário polpudo e uma multa milionária caso seja demitido, o que obriga um jogador de futebol a jogar bem?

Os dirigentes, o técnico, seria uma resposta plausível. Porém, coberto pela draconiana lei “trabalhista” que os protege, muitos jogadores fazem corpo mole de propósito. Sabem que no futebol brasileiro quem se estrepa é o técnico. Sabem que basta fazer uma partidinha boa e a torcida perdoa tudo.

Salário-Caução

Como o futebol depende de resultados, é incongruente firmar contratos com jogadores sem lhes exigir metas.

Não é justo que o atleta eternamente suspenso, machucado, reserva ou em má fase continue recebendo o mesmo como se estivesse jogando bem.

Uma das idéias é instituir o salário-caução.

Por exemplo: o sujeito quer ganhar 200 mil reais por mês. Para isso, promete que vai jogar o máximo, se empenhar, ajudar o time a ganhar títulos blá blá blá...

Pois bem. O clube poderia pagar os 200 mil da seguinte forma: metade para o jogador e metade depositada a cada mês em uma conta especial em seu nome.

Se o time for realmente campeão, o prêmio do título será receber o acumulado. Se não for, o salário volta aos cofres do clube.

Seria uma forma de voltar a motivar o jogador para a vitória, algo que os “bichos” conseguiam muito bem nos tempos em que os salários dos jogadores, mesmo de craques como nunca mais veremos, não eram muito maiores do que o do trabalhador comum.
Os clubes precisam se unir para resolver esse problema. Não dá mais para pagar salários cada vez maiores para jogadores que jogam cada vez pior e treinam cada vez menos.

O Santos é um exemplo de como o poder excessivo dos jogadores pode ser ruim para um clube.
(O cúmulo foi Fabiano Eller dizer que não queria jogar mais. Ora, que peça demissão. Mas não, não quer jogar mas quer receber como se estvesse jogando. Ora, vá plantar batatas!)

Ao invés de pensar no coletivo, muito jogador de futebol é egoísta e individualista. Ele sabe que alguém pagará por seus erros e não tem a hombridade de pedir demissão quando percebe que não está justificando seus rendimentos.

O próximo técnico do Santos terá de ser alguém de muita personalidade, pois precisará de coragem para botar ordem em um galinheiro dominado pelas galinhas, que agora se recusam até a botar ovo.

(*) Odir Cunha é jornalista e escritor e já escreveu cinco livros sobre o Santos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Disse tudo. Esse Odir é fodão.
Jogador do Santos tem tudo de bom mano. Maió conforto, maió salário. Hotel do lado do CT, maió mordomia véio. Num é pra chega la e faze essas merda que eles fazem. Tão de brincadeira mano.
Torcida Jovem tem de arregaça memo os vagabundo. Cambada de vagabundo.

Unknown disse...

Boa, o Mancini era um ótimo técnico, fez muito com esse timinho Sem Vergonha, para quem não se lembra ele conseguiu tirar o SANTOS do rebaixamento no ano passado, esse ano eu quero ver.

Marcelo Teixeira o problema é seu, paga muito pra um bando de bosta, devia mandar tudo pra rua, time sem projeto é foda, não tem planejamento, só ganha na sorte.