domingo, 19 de agosto de 2012

Na volta à Vila, Ganso tem boa atuação e deixa o campo aplaudido

'Maestro' tem primeiro tempo discreto e deixa torcida impaciente, mas melhora na etapa final e se destacam nos desarmes pelo meio-campo

Dois meses e cinco dias depois, Paulo Henrique Ganso estava de volta à Vila Belmiro. O adversário era o mesmo - o Corinthians, agora pela 18ª rodada do Brasileirão. O clima, no entanto, era bem diferente. Se da outra vez o camisa 10 fora ovacionado pela rápida recuperação para estar em campo no primeiro jogo das semifinais da Libertadores, agora a volta do meia era vista com ressalvas. Faz sentido, tantas foram as especulações sobre seu futuro e os clubes nos quais já foi "vendido" desde então, como Internacional e, mais recentemente, São Paulo.

Antes do jogo, o otimismo reinava entre os santistas. O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro - que chegara a revelar, em uma reunião do Conselho Deliberativo alvinegro, que Ganso lhe dissera que não jogaria mais pelo Peixe - demostrava confiança em relação a seu camisa 10. Tornou a negar ter recebido uma proposta oficial do São Paulo pelo meia, e avaliou, inclusive, não ver mais no "Maestro" interesse em deixar o clube.

- Houve uma consulta informal (do São Paulo) a um membro do comitê, mas descartamos. Não temos interesse nenhum de negociar. Se o Ganso quiser sair, é só pagar a multa. Mas acho que não é o que ele está querendo. Ele tem dado declarações sucessivas de que desejar ajudar o Santos no Brasileiro, e mostrou-se bastante animado em Florianópolis - disse Laor à Rádio Bandeirantes, em alusão ao retorno do camisa 10 ao Peixe na última quinta, na vitória por 3 a 1 sobre o Figueirense (a primeira fora de casa do time praiano na competição).

Ganso, de fato, iniciou o clássico animado - ainda que seu nome, ao ser anunciado pelo sistema de som da Vila, tenha sido recebido com mais burburinhos do que com aplausos ou vaias. Logo no primeiro minuto de jogo, o camisa 10 surpreendeu Romarinho com uma de suas marcas registradas - um chapéu, que só não foi concluido porque Ralf se antecipou ao meia e fez o desarme. O lance, contudo, foi suficiente para provocar a primeira grande manifestação da torcida santista na partida.

A boa impressão inicial, porém, foi se esvaindo à medida que o primeiro tempo transcorreu. Em vários momentos, Ganso era visto isolado no lado direito do gramado, com dificuldades em aprofundar as jogadas. Isso, aliado à melhora do Corinthians na partida, começou a irritar alguns torcedores no estádio. Por volta dos 15 minutos, quando o camisa 10 foi superado por Douglas em uma bola recuada, parte dos que estavam nas sociais da Vila resmungaram, impacientes.

- P...., Ganso! Corre direito! - reclamaram.

Aos poucos, o meia pareceu tentar voltar ao jogo. Aos 29 minutos, deu seu primeiro chute a gol, aproveitando bola baixa alçada na área. O arremate, porém, saiu prensado, com defesa fácil para Cássio. Dois minutos depois, o "Maestro" fez o corta-luz após assistência de Neymar e deixou André à caminho do gol, mas Paulo André se antecipou ao atacante e fez o desarme.

Dos 36 minutos em diante, Ganso viveu seu melhor momento no primeiro tempo. Afinal, foi o camisa 10 quem achou Neymar, livre, dando sopa na ponta direita - o atacante avançou, tirou a zaga corintiana da marcação e cruzou para André marcar o primeiro do Santos na partida e o 100º do time na temporada. Aos 43, o meia ainda foi aplaudido ao ganhar uma dividida com Fábio Santos, perto da grande área. As arquibancadas, no entanto, ainda demonstravam alguma impacência com o jogador.

Ganso retornou mais ligado e participativo para o segundo tempo. Com menos de um minuto, ganhou uma dividida de Douglas e acabou levando uma falta dura do meia corintiano no lance. No minuto seguinte, fez uso da boa estatura para ganhar uma bola de cabeça e lançar André - que conseguiu o escanteio no complemento da jogada. Os burburinhos da arquibancada nas vezes que o jogador pegava na bola já começavam a cessar.

E o "Maestro" vinha mesmo tendo um dia de "volante". Aos 16, correu até a zaga para, de carrinho, desarmar Guerreiro. Quatro minutos depois, outra interceptação, acompanhada de boa assistência a Neymar - o atacante cruzou e André, de cabeça, mandou ao lado do gol. Pouco depois, nova roubada de bola de Ganso (agora em cima de Ralf) pelo meio-campo.

A melhora de Ganso não se limitou ao futebol apresentado. O camisa 10 também mostrava-se bem mais participativo em relação ao time, gesticulando com os companheiros de uma forma que não fizera nos 45 minutos iniciais e aconselhando jogadas. Não foi decisivo - até porque o Santos não precisou, já que os gols de André e Bruno Rodrigo garantiram a vitória por 3 a 2. Mas agradou. Tanto que foi ovacionado pela torcida aos 45 minutos do segundo tempo, quando fui substituido para a entrada de Ewerton Páscoa.

Ganso, Santos e torcida estão, enfim, em paz. Até quando? As cenas dos próximos capítulos da interminável novela envolvendo o jogador é que irão dizer.

Globoesporte.com

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