terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Um novo Vanderlei: goleiro do Santos multiplica passes e já supera jogadores de linha

Estilo de Sampaoli faz atleta dar, contra o São Paulo, cinco vezes mais passes do que sua média no Brasileirão. Números são parecidos com os de Alisson e Ederson na Inglaterra


Por Globoesporte.com

Ivan Storti/Santos FC

Os pés de Vanderlei já não servem apenas para dar impulso a suas defesas. O goleiro do Santos começa a viver uma nova era. A pedido de Jorge Sampaoli, se torna um passador. E já supera jogadores de linha no quesito.

Na vitória de 2 a 0 sobre o São Paulo, domingo, no Pacaembu, Vanderlei deu 25 passes – 24 certos e um errado, segundo o scout da TV Globo. O número foi maior do que os de seis outros titulares do Santos na partida: Victor Ferraz (23), Gustavo Henrique (22), Orinho (17), Soteldo (10) e Jean Mota (7) – os três últimos foram substituídos ao longo do segundo tempo.

A mudança no estilo do goleiro – e na forma de jogar do Santos – fica mais evidente quando Vanderlei é comparado a ele mesmo. No ano passado, ele deu uma média de pouco mais de cinco passes por jogo no Campeonato Brasileiro. Cinco vezes menos do que contra o São Paulo neste domingo – e do que sua média no Paulistão. De acordo com o site Footstats, Vanderlei deu 78 passes nas três primeiras rodadas do estadual – média de 26 por jogo.

Vanderlei mostra capacidade com os pés após dúvidas no começo do ano — Foto: Marcos Ribolli

Com o desempenho, Vanderlei abafa o desconforto causado pela exigência, por parte de Sampaoli, de um goleiro que soubesse jogar com os pés – foi contratado Everson, ex-Ceará, apresentado nesta segunda-feira. O treinador já elogia a evolução de Vanderlei nos passes.

– Houve crescimento enorme de protagonismo com os pés, eles buscaram opção um a um até com o goleiro, e ele resolveu. Vai continuar melhorando, resolveu com tranquilidade. Isso vai somar com o ótimo goleiro que ele já é – disse Sampaoli.

O próprio Vanderlei parece se animar com a nova realidade. Depois do jogo contra o São Paulo, ele disse:

– Como o Sampaoli estava fora, ele não sabia (da capacidade de o goleiro jogar com os pés). Ele acompanhou nossos últimos jogos, quando estávamos com outro estilo de jogo. A gente fazia isso (goleiro jogar com os pés) com o Dorival Júnior. Era a filosofia de jogo que ele queria. Depois vieram treinadores que não gostavam muito disso. Isso se dá por conta da característica de cada treinador. O Sampaoli chegou, e nós não tínhamos essa característica. A gente está trabalhando. Com certeza, lá na frente estaremos 100% nessa saída de bola.

Sampaoli e Vanderlei conversam em treino do Santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Números similares aos de Alisson e Ederson

Alisson, do Liverpool, e Ederson, do Manchester City, são dois goleiros brasileiros habituados a jogar com os pés – e elogiados pela perícia com a bola. Na atual temporada da Premier League, eles têm números parecidos com os de Vanderlei (mas em quantidade de partidas bastante maior).

Alisson deu 665 passes em 23 jogos (28,9 de média); Ederson, também em 23 jogos, passou 596 vezes (25,9 de média). Ben Foster, do Watford, é o goleiro que mais deu passes na liga inglesa (689, média de 29,9). Kepa Arrizabalaga, do Chelsea, também famoso pelo jogo com os pés, tem 662 passes (28,7). Os números são válidos até a 23ª rodada.

A afeição europeia à saída de bola desde o goleiro não é de hoje. Em 2014, na Copa do Mundo, Neuer, goleiro campeão com a Alemanha, deu 297 passes em sete jogos – mais do que jogadores como Robben (288) e Higuaín (157), e não muito abaixo de Messi (356), craque da Copa, todos com o mesmo número de partidas.

No Sevilla, Sampaoli viveu situação parecida com a deste começo de ano no Santos — Foto: CRISTINA QUICLER / AFP

E, para Sampaoli, a estratégia também está longe de ser novidade. Exigir goleiros hábeis com os pés já deixou o treinador em situações delicadas em um passado recente. No Sevilla, onde trabalhou na temporada 2016/2017, ele viveu história parecida com a do Santos neste começo de ano. Pediu a contratação de um goleiro que tivesse habilidade em passes (o italiano Salvatore Sirigu), mas acabou mantendo o antigo titular (o espanhol Sergio Rico), que passou a trabalhar mais com os pés.

Na Copa da Rússia, ano passado, Sampaoli teve a traumática experiência como comandante da seleção argentina. E foi muito cobrado pelas escolhas para o gol. Ele começou o Mundial com Caballero como titular, em parte por causa da capacidade de ele jogar com os pés. No segundo jogo, porém, foi justamente assim que o goleiro falhou – cedendo o primeiro gol da derrota de 3 a 0 para a Croácia. Acabou sacado do time e substituído por Armani nas duas partidas seguintes da Argentina – até a eliminação para a França nas oitavas de final.

Um comentário:

:.tossan® disse...

Não que o Everson não mereça ser titular, mas ninguém pode esquecer que Vanderlei além de melhor com as mãos é ídolo no Peixe já faz um bom tempo. Vai esquentar o banco sim o Everson. O dinheiro poderia ser investido num lateral direito e um centroavante.

PS: O que me preocupa é quantidade de atrasadas de bola para o Vanderlei. Perigoso isso!