segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Análise: erros bizarros de finalização atrapalham arrancada do Santos no Brasileirão

Peixe volta a criar mais do que o adversário, mas leva virada do Cruzeiro no Mineirão por não conseguir matar o jogo

Por Juliano Costa/Globoesporte

Ivan Storti / Divulgação Santos FC

O Santos criou uma penca de chances, mas fez só um gol e levou a virada do Cruzeiro neste domingo, no Mineirão: 2 a 1. O time de Cuca foi melhor na maior parte do tempo, mas não soube matar o jogo e voltou a perder após sete jogos de invencibilidade no Brasileirão.

A almejada arrancada do Santos no segundo turno vem sendo comprometida pelas incríveis chances desperdiçadas por seus atacantes. Dada as circunstâncias, o time deveria ter voltado de Belo Horizonte com os três pontos, na sétima colocação, a sete pontos do Atlético-MG e com um jogo a menos. Com a derrota, terminou a rodada em décimo, a dez do Galo, último time do G-6, a zona de classificação para a Libertadores.

Gabriel, Rodrygo e principalmente Bruno Henrique tiveram chances claras para marcar, mas falharam. A mais impressionante foi a do camisa 11. Fica até difícil descrever o que aconteceu. 


Na semana passada, o Santos já deixara dois pontos pelo caminho por causa de Rodrygo, que perdeu gol cara a cara com Sidão no clássico contra o São Paulo, na Vila (o jogo terminou empatado em 0 a 0).

Chega a ser irônico: no momento em que Gabriel celebra seu melhor ano na carreira, como artilheiro isolado do Brasileirão, os demais atacantes passam por jejum:

O último gol de Bruno Henrique foi no dia 15 de agosto, contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil;

O último gol de Rodrygo foi no dia 18 de agosto, contra o Sport, pelo Brasileirão.

Rodrygo ainda cria boas chances. O problema dele parece ser de confiança. No fim do primeiro tempo, recebeu passe limpo de Bruno Henrique, mas não teve calma para tirar de Fábio e chutou em cima do goleiro. 

Rodrygo recebe cara a cara, mas Fábio faz ótima defesa aos 45' do 1º Tempo

Com Bruno Henrique, o problema vem desde o início do ano. Lesões (no olho direito e nos músculos da perna) o atrapalham desde janeiro. Em nada ele lembra o jogador que foi o destaque do Santos em 2017.

Contra o Cruzeiro, tentou apenas uma arrancada pra cima de Edilson, jogador reconhecidamente mais lento. Falta confiança, mas também falta inteligência na hora da tomada das decisões – nessa única arrancada, o certo seria passar para Gabriel, livre a seu lado, mas Bruno Henrique tentou o chute, mesmo desequilibrado.

Bruno Henrique parte em velocidade e bate da entrada da área rente à trave aos 28' do 2º T
Por tudo isso, o Santos só tem a lamentar a derrota para o Cruzeiro, principalmente pelos números:
Mais posse de bola (54 %x 46%);
Mais finalizações (14 x 6);
Mais escanteios (6 x 4);

O jogo

O Cruzeiro começou melhor, pressionando com todos os seus jogadores no campo de defesa. O Santos demorou 15 minutos para emplacar o primeiro ataque. E quando conseguiu, chegou ao gol, com Gabriel, aproveitando, de cabeça, um cruzamento de Carlos Sánchez. Foi o 13º gol do atacante, artilheiro isolado do Brasileirão, e o 22º dele no ano, seu mais produtivo da carreira (havia feito 21 em 2014 e 2015).

O Cruzeiro teve duas chances claras para empatar logo na sequência, com David e Murilo – pararam em Vanderlei e na trave, respectivamente. O Santos respondeu com boas finalizações de Pituca (em rebote de escanteio) e Rodrygo (de falta, no travessão).

Era lá e cá. Mas o Peixe ainda perdeu uma chance clara de matar o jogo ainda no primeiro tempo, com Rodrygo chutando em cima de Fábio após boa jogada de Bruno Henrique. O Santos acabou o primeiro tempo com o dobro de finalizações do time da casa: 6 contra 3.


Gabriel comemora gol do Santos contra o Cruzeiro; agora ele tem 13 no Brasileirão — Foto: Ivan Storti / Divulgação Santos FC

No segundo tempo, porém, o Santos voltou dormindo e levou o castigo logo no primeiro lance: Sassá, que entrou no intervalo, empatou o jogo numa falha coletiva, dando fim a uma sequência de Vanderlei, que ficou 881 minutos sem ser vazado. Ironicamente, o último havia sido justamente contra o Cruzeiro, também no Mineirão, pela Copa do Brasil.

Dois minutos depois, o Santos reclamou muito de um pênalti não marcado de Bruno Silva em Gabriel. Na opinião de Leonardo Gaciba, comentarista de arbitragem da TV Globo, foi pênalti.

O Santos continuou criando chances de gol. Aos 13, Gabriel saiu na cara de Fábio e desperdiçou duas vezes (incluindo o rebote). Era pra ter feito.

Mas nenhuma chance foi mais escancarada do que a desperdiçada por Bruno Henrique aos 33. No rebote de Fábio, após boa jogada de Gabriel, Bruno Henrique se viu sozinho, na pequena área, com o gol escancarado... e mandou pra fora.

O novo castigo veio quatro minutos depois, novamente com jogada de cruzamento da esquerda para o segundo pau. Desta vez, David ajeitou e Raniel apareceu livre para marcar.

O que vem por aí

Se quiser ir à Libertadores de 2019, o Santos tem a obrigação de fazer seis pontos nos jogos contra Vasco (quinta, no Pacaembu) e Atlético-PR (domingo, na Vila). E isso em meio a uma semana conturbada fora de campo, com votação do impeachment do presidente José Carlos Peres no sábado.

Cuca já deu mostras de que consegue deixar o time blindado dessa confusão extracampo. A questão é, além disso, trabalhar o lado psicológico de seus atacantes – perder tantos gols assim não é nem questão de falta de técnica, mas de confiança.

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