terça-feira, 6 de maio de 2014

Santos bate recorde de receita de patrocínio com número misterioso



Um mistério ronda o balanço do Santos. O clube conseguiu bater o recorde de receitas de patrocínio dos últimos anos e foi o segundo brasileiro que mais arrecadou no quesito, perdendo apenas para o Corinthians. Não é novidade que a equipe está sem patrocinador máster há quase um ano e meio e vem sofrendo com isso. Os valores publicados, no entanto, não fazem sentido e podem ter ligação com a polêmica da venda de Neymar para o Barcelona. 

O documento mostra que o time da Vila Belmiro teve R$ 54,8 milhões desse tipo de recurso, sendo R$ 17,7 milhões com o futebol profissional, R$ 13 milhões do clube social e outros esportes, e R$ 24 milhões do futebol amador, a maior surpresa de todo o demonstrativo. Apesar de ser muito detalhada na maior parte do balanço, a Ernest & Young, contratada para dar auditoria, não dá explicações para esses valores.

Procurada, a diretoria santista decidiu que não vai falar sobre o assunto até que as contas sejam aprovadas no conselho - em outros clubes, elas passam primeiramente pelo conselho para depois serem divulgadas. Nos bastidores, entre conselheiros e diretores, a versão é uma só: o clube teria tentado disfarçar o dinheiro recebido do Barcelona pelo direito de preferência na compra de Gabriel, Victor Andrade e Giva, no valor de 7,9 milhões de euros, cerca de R$ 24 milhões, para 'fugir', mais uma vez, da DIS, empresa que tinha 40% de Neymar. 

Especialista em gestão e marketing esportivo, Amir Somoggi entende da mesma maneira.

"Isso mascara um déficit monstruoso. Ele aparece como o segundo que mais conseguiu receita de patrocínio, mas ninguém vai acreditar nisso. Todo mundo que acompanha futebol sabe que ele está sem patrocinador há mais de um ano e que isso não faz nenhum sentido. A partir desse balanço, o Santos virou um "case": ele fatura mais com o amador do que com o profissional. Nunca vi nada igual no mundo. Ele só está dando munição para a oposição", afirmou Amir, para oESPN.com.br. 

"Não importa se você gosta ou não da DIS, mas ela está sendo lesada. Estão registrando em patrocínio uma coisa que tem a ver com transferência. Eles acham que podem colocar lá um número que ninguém vai perceber. Está claro que foi essa a intenção. Eles devem achar que as pessoas vivem no mundo da lua. Mas é óbvio que todo mundo está vendo essa aberração. Eles venderam um direito de preferência para a compra de três jogadores, o que já é uma coisa que não existe", completou.

O direito de preferência 'comprado' pelo Barcelona é citado no meio do relatório da Ernest & Young, mas não relaciona o fato com nenhum dos números apresentados.

Na época da transferência de Neymar para o time espanhol, o assunto já deu o que falar. Oficialmente, o Santos anunciou a venda do jogador por 17 milhões de euros, cerca de R$ 49 milhões. Ficou com 9 milhões de euros, cerca de R$ 26 milhões, e repassou o restante para a DIS, que detinha 40% dos direitos econômicos, e para a Teisa, que tinha 5%.

Por fora, com a negociação dos garotos, a equipe da Vila Belmiro ficou com R$ 24 milhões, sozinha, sem ter de dividir com mais ninguém, o que foi considerado um absurdo pela DIS, que está brigando na Justiça para ter participação também sobre essa parte do acordo.

Mesmo com a posição oficial de não comentar o assunto, emitida pela assessoria de imprensa, a reportagem tentou falar, entre outras pessoas, com o presidente Odílio Rodrigues, com pelo menos três pessoas do comitê de gestão, diretores responsáveis pelos departamentos envolvidos e membros do Conselho Fiscal para que pudessem responder sobre os valores e que pudessem negar ou confirmar a possível manobra. 

Com exceção do presidente, que não atendeu às ligações, todos os outros não quiseram falar sobre os números publicados no balanço. 

Veja o ranking dos clubes em receita de patrocínio:

Corinthians - R$ 60,1 milhões 
Santos - R$ 54,9 milhões
Flamengo - R$ 53,3 milhões
São Paulo - R$ 33 milhões
Internacional - R$ 31,2 milhões
Vasco - R$ 26,3 milhões
Atlético-MG - R$ 25,4 milhões
Palmeiras - R$ 24,5 milhões
Grêmio - R$ 24,2 milhões
Cruzeiro - R$ 22,6 milhões
Fluminense - R$ 20,9 milhões
Botafogo - R$ 17,6 milhões

ESPN

2 comentários:

Unknown disse...

É o padrão Brasil de transparência. O Santos não foge à regra. O problema é que não temos o patrocínio Master e não há outros Neymares, Felipes Anderson, Rafaels, Montillos para vender, preferências de Gabriels, Geovânios, Victors Andrades, para antecipar, sem contar que o contrato do Damião é propriedade do investidor e possivelmente o Santos não exercerá o seu direito de compra dos direitos do atleta, além do Santos já ter recebido seus direitos da televisão de 2.015. Déficit assemelhada à falência à beira da porta. A nova diretoria do clube terá que fazer muita ginástica.

Unknown disse...

Com toda essa receita, por que o Santos está sem dinheiro?