domingo, 16 de junho de 2013

Para remontar o Santos, Bielsa e sua equipe assistirão à maratona de jogos


Técnico, que viajou a Argentina em carro velho para caçar talentos no começo da carreira, pretende fazer trabalho minucioso no Peixe

O técnico Marcelo Bielsa, que está bem próximo do acerto com o Santos, é conhecido ser absolutamente fanático por futebol. Ele já acertou com a diretoria do Peixe que vai garimpar talentos pelo Brasil e a América do Sul caso assine contrato para treinar a equipe da Baixada. Para isso, terá uma equipe que pretende analisar - junto com ele - vários jogos gravados por dia. A ideia é assistir a cerca de 300 partidas até o fim do ano.

Bielsa é obcecado, mas nem sempre teve à disposição recursos e auxiliares. Quando começou como treinador, no fim da década de 80, nas categorias de base do Newell’s Old Boys, da Argentina, com menos estrutura e tecnologia, ele partiu em uma viagem de oito mil quilômetros, dirigindo um Fiat modelo 147, em más condições, em busca dos talentos.

Bielsa abriu um mapa da Argentina e dividiu o país em 70 regiões. Em seguida, pé na estrada. Em uma das viagens que fez, o treinador partiu cedo de Rosário, mas o carro quebrou e ele só conseguiu chegar ao destino de madrugada. Mesmo assim, selecionou o ex-zagueiro da seleção argentina e atual técnico Maurício Pochettino, que na época tinha 13 anos.

Por causa do problema com o carro, ele só chegou na casa dos pais de Pochettino, no povoado de Murphy, na província de Santa Fé, 1h da madrugada. Apesar do horário, prosseguiu o seu trabalho.


- Gostaria de ver as pernas do seu filho Maurício - pediu Bielsa, aos espantados pais do jovem zagueiro.

Aos ver as pernas do garoto, que tinha fama de ser um defensor promissor, fechou o acordo para levá-lo aos Newell’s, onde Pochettino jogou por seis anos. Eram as primeiras atitudes excêntricas do técnico, que mais para frente viria a ser chamado de ‘El Loco’. Nunca ficou claro para Pochettino e seus pais o que Bielsa, homem de poucas palavras, observou.

Bielsa seguiu por dois anos nas categorias de base do Newell’s, clube que havia defendido como um zagueiro de qualidade duvidosa. Depois da experiência na base, foi técnico do profissional por mais dois anos. Em seguida, trabalhou no futebol mexicano, espanhol e dirigiu as seleções do Chile e Argentina. Acumulou títulos e mais atitudes excêntricas. Não gosta de falar com a imprensa e só discute com seus jogadores assuntos sobre futebol.

Hoje em dia, Bielsa conta com estrutura. No Santos, não vai cair na estrada - deixará isso para seus assistentes. Mas no seu carro ele possui um aparelho de DVD em que assiste às partidas de futebol, enquanto seu assistente dirige o veículo. Os mais próximos afirmam que ele consegue ver dois jogos ao mesmo tempo e grava ambos. Se acha algum lance interessante, para, revê e comenta a jogada.

O argentino costuma trabalhar com um caderno em que anota tudo sobre os jogadores. Desenha pequenos campos para fazer observações táticas e muitas vezes lembra mais um técnico de basquete. Pessoas próximas afirmam que ele passa dia e noite analisando jogadas.

Conhecer bem o país em que trabalha também é uma característica do técnico. Quando foi comandar a seleção do Chile, em 2007, comprou diversos livros sobre a história do país. Apesar de não gostar de falar com a imprensa, é educado nas poucas vezes em que dá entrevistas.

A vestimenta costuma ser simples: usa moletom e tênis. Só usou terno uma vez: no comando da seleção argentina num amistoso contra o Espanyol, que festejava o seu centenário. Os espanhois venceram, e ele nunca mais usou o traje.

O Santos quer aproveitar essa compulsão de Bielsa pelo futebol para comandar o seu departamento de futebol. Assim, só no ano que vem ele deve ir para o banco de reservas comandar os jogadores. Ao que parece, se depender de horas a serem trabalhadas, o argentino tem tudo para dar certo no time Baixada.

Globoesporte.com

Nenhum comentário: