sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Pelé, o Rei do Futebol, completa 69 anos


Nesta sexta-feira, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, completa 69 anos de vida. Mais do que o homem que eternizou a camisa 10 como o traje oficial dos craques, o maior jogador de futebol da história será eternamente celebrado pelo legado que deixou para a história.


Mineiro de Três Corações, mas consagrado pelo Santos, é amado por uns e odiado por outros. Aos primeiros, fica aquela ponta de orgulho por Pelé ser brasileiro, por Pelé ser simplesmente Pelé, homem conhecido em todos os cantos do planeta, mesmo entre aqueles que não querem nem saber de futebol. Aos últimos, fica a ponta de "maldade" pelas eventuais gafes que ele comete, como trocar o nome de Michael Jordan, ironicamente considerado o "Pelé" do basquete, pelo o do finado cantor Michael Jackson, que também é considerado o "Pelé" da musica pop, durante a eleição do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.


Independente de qualquer coisa, ele foi capaz de momentos mágicos como o golaço na final da Copa de 58, quando era apenas um adolescente, como parar uma guerra civil, em 1969, no Congo Belga, quando os revoltosos cessaram os conflitos apenas para vê-lo jogar um mero amistoso ou até mesmo para ser aplaudido enquanto chorava, emocionado e orgulhoso por conquistar um título mundial aos 17 anos, na Suécia, em 1958. Isso para não falar do histórico milésimo gol. Aliás, a palavra gol é sinômimo de Pelé. E não é para menos, foram 1.283 gols, 1.283 momentos máximos do futebol que ficaram na memória dos que tiveram a sorte de vê-lo ao vivo.


Mas nem sempre sua carreira foi feita de bons momentos. Só que estamos falando de alguém iluminado, que consegue fazer com que até os momentos ruins o engrandeçam. Em 1962, atuou em apenas duas partidas da campanha do bicampeonato mundial da seleção brasileira, no Chile. Todavia, até mesmo a sua ausência engrandeceu o futebol. Afinal de contas, aquela foi a copa de Mané Garrincha, que brilhou como nunca e também de Amarildo, o Possesso, que também foi de fundamental importância para a conquista.Quatro anos mais tarde, protagonizou uma das jogadas mais assustadoras da história do futebol, na Copa de 1966, na Inglaterra, quando foi, literalmente, caçado em campo pelos zagueiros da seleção portuguesa. De tanto baterem, o tiraram do jogo em que o Brasil foi derrotado por 3 a 1 e eliminado da competição.


Daquela partida, duas coisas ficaram para a eternidade: a imagem do Rei, derrotado, saindo de campo triste com o agasalho do Brasil sob os ombros e também Eusébio, estrela de Portugal, que ali começava a entrar para a história.Na Copa seguinte, sua última, a volta por cima: já com 30 anos, foi o comandante da lendária equipe tricampeã mundial no México - até hoje considerada o melhor time de futebol de todos os tempos. Sua genialidade foi tamanha que até os gols que não fez, como a cabeçada à queima-roupa defendida pelo goleiro Gordon Banks, da Inglaterra, e a tentativa de gol do meio de campo sobre o goleiro uruguaio Mazurkievicz na Copa de 1970 foram exaltadas como lances da mais pura beleza. Isso sem contar o drible da vaca, também sobre o pobre goleiro uruguaio, em que a bola, caprichosamente, saiu ao lado da trave.


Mas não só da Seleção viveu o Rei. Foi pelo Santos que Pelé se consagrou. Para se ter uma ideia, ele foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1958 com 58 gols, marca jamais alcançada por qualquer outro atleta. Esta competição, por sinal, era sua favorita: a venceu por dez vezes. Isso sem contar as cinco conquistas da Taça Brasil e uma do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, equivalentes ao Campeonato Brasileiro. A equipe da Baixada também conquistou as Libertadores de 1962 e 1963, anos em que também se sagrou campeã do Mundial Interclubes.


A 10 branca também foi protagonista de um momento antológico do futebol, no dia 19 de novembro de 1969, exatamente às 23h11, quando o Rei marcou o milésimo gol de sua carreira, no Maracanã, na vitória sobre o Vasco por 2 a 1, em um gol de pênalti sobre o goleiro argentino Andrada aos 33 minutos do segundo tempo sob os olhos atentos 65.157 pessoas - e outros tantos milhões ao redor do mundo que acompanhavam a transmissão via rádio e em algumas poucas televisões.


Até na hora de parar, o Rei foi genial. Sua última partida pelo Santos foi, de fato, marcante, como não poderia deixar de ser. Era uma partida contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro e sua participação durou meros 21 minutos. Neste momento, ele pegou a bola com as mãos, ajoelhou-se no centro do gramado e a elevou aos céus, como se agradecesse aos deuses por tudo que o futebol lhe proporcionou. Os torcedores então se levantaram e o aplaudiram. Sabiam que eram testemunhas oculares da história, do momento em que chegava ao fim uma das maiores trajetórias da humanidade. Em tempo, o resultado foi 2 a 0 para o Santos, um gol de Cláudio Adão e outro, contra, de Geraldo.


Como todo grande artista, ele teve direito a um bis. Tão logo encerrou a carreira, foi convidado pela Warner a integrar um time dos sonhos, o New York Cosmos, que teria a missão de apresentar o futebol, o soccer, aos norte-americanos. Foram necessários seis meses de negociações para convencê-lo a resgatar as chuteiras. Mas, enfim, Pelé foi aos Estados Unidos para desfilar seu talento por mais três anos, ao lado de atletas como Franz Beckembauer e Carlos Alberto Torres, onde conquistou o último título de sua carreira, em 1977, ano em que deixou, definitivamente, os gramados, não sem antes eternizar uma frase: "Love, Love". Era a consolidação do Rei que não mais era um jogador brasileiro, mas sim um jogador do mundo. Prova disso é o título de cavaleiro da rainha da Inglaterra que detém - algo raramente concedido a não-britânicos.


Hoje, dia 23 de outubro, é o dia em que Pelé comemora seus 69 anos. O que nos resta é dar parabéns ao Rei e um muito obrigado por todos os momentos e toda a magia que proporcionou a nós, reles mortais. Reles súditos de seu talento.Ouça a seguir o "Em Foco" exibido em homenagem ao Rei do Futebol em março de 2009 em que é contada a história de seu último jogo contra o Corinthians, uma de suas maiores vítimas, em 1974, e também assista a uma participação especial do Rei no Seriado "Família Trapo", com Jô Soares, em 1967 clicando aqui.


Uol Esporte

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