terça-feira, 27 de outubro de 2009

André conta com as lições do pai, ex-atacante, para brilhar na Vila Belmiro

Lenílson jogou futebol profissionalmente nos anos 80. Era camisa 9 e passou ao filho o amor pela bola. 'Ensinei tudo a ele', diz.


Em dois jogos como titular do Santos, o atacante André, de 19 anos, mostrou ter faro de gol. Marcou o primeiro dos dois gols da vitória sobre o Fluminense, no dia 30 de agosto, e abriu o placar do clássico contra o São Paulo, domingo passado, quando o Peixe perdeu por 4 a 3. O garoto explica que gol está em seu DNA. Artilheiro desde que começou nas categorias de base da Cabofriense-RJ, ele conta que aprendeu a balançar as redes seguindo as lições do seu pai, Lenílson.

André e Lenílson na praia do Gonzaga, em Santos. Garoto conta que não gostava de cabecear, mas acabou aprendendo após as broncas do pai. 'Ele pega no meu pé direto', conta

Também camisa 9, nos anos 80 Lenílson jogou no Goiatuba-GO, Goiás, Botafogo, entre outros. Sem falsa modéstia, ele é rápido ao responder quais as dicas que passou para André. Não foram poucas, garante:- Ah, ensinei tudo a ele - conta, rindo. André começou a pensar mais seriamente em jogar futebol quando tinha aulas na escolinha do pai, em Cabo Frio. Para não dar a impressão de que privilegiava o filho, Lenílson acabava pegando muito mais no pé de André do que dos outros. - Era fogo. Ele me dava dura direto. Até hoje é assim. Fala para eu entrar mais na área e fazer gol - diz o garoto.
Lenílson também cobra muito do filho o cabeceio. E tem dado certo. Os dois gols de André como profissional foram marcados pelo alto. E pensar que o atacante, quando estava na base, não sabia cabecear de jeito nenhum. - Quando a bola vinha pelo alto, eu fugia dela. Não gostava mesmo. Mas aí meu pai falou que eu precisava melhorar isso, que centroavante que não sabe cabecear não vai para frente. Quando eu cheguei ao Santos, o Narciso (ex-zagueiro e técnico do time sub-20 santista) também cobrava muito. Comecei a treinar direto e me aprimorei nas cabeçadas - explica o jogador, de 1,84m


Sozinho em Santos


André é reserva de Kléber Pereira. Jogou contra o São Paulo porque o titular estava suspenso (no vídeo, assista ao gol do notavo contra o Tricolor). Ele espera poder se firmar na equipe em 2010, mas garante que não tem pressa. Ao contrário de Paulo Henrique e Neymar, jovens que já são estrelas santistas, com passagens por seleções de base, casa própria, carro e salários bem mais altos, André ainda mora no alojamento da Vila Belmiro. Mas a situação não o incomoda. Pelo contrário.

- Claro que, mais para frente, se tudo der certo, vou mudar para um apartamento. Mas é mais para trazer meus pais de Cabo Frio. Eu gosto de morar na Vila, pois meus amigos estão todos lá. Eu acho que não seria muito bom ficar sozinho num apartamento agora.
O jogador conta que a parte mais difícil de investir desde cedo na carreira de jogador é justamente ficar longe da família. Seu pai está em Santos apenas a passeio, pois tem negócios para cuidar em Cabo Frio. Hospedado em um hotel no bairro do Gonzaga durante a semana do clássico contra o São Paulo, Lenílson conheceu os pais de Neymar, Paulo Henrique, que moram em Santos com os filhos. Agora, faz planos para se mudar para a Baixada Santista em breve. - A ideia é essa. O André tem contrato com o Santos até 2014 e acho que é importante os pais estarem juntos. É difícil para um menino de 19 anos morar sozinho, longe da família. Ele sente falta e os pais sentem muito mais.
Fã de Kléber Pereira
André sabe que, pelo menos até o fim do ano, quando o contrato de Kléber Pereira com o Peixe termina, ele tem de se contentar com a reserva. Mas é paciente. Aliás, declara-se fã do atacante titular e acha que há exagero por parte da torcida, que não tem perdoado a má fase do camisa 9. Assista no vídeo ao lado, o gol de André contra o Fluminense. Seu primeiro como profissional.
- O cara é nosso artilheiro. Já é um dos maiores goleadores do Santos no Brasileirão. Sou fã. É uma pena que o pessoal esteja pegando tanto no pé dele - lamenta o jogador. A situação de Kléber, aliás, serve de lição para André. O garoto já percebe que a carreira de jogador é cheia de altos e baixos. Ensinamento, aliás, que é reforçado pelo pai. - Ele tem de ter sempre a cabeça no lugar e saber que nem sempre vai dar tudo certo. Ainda mais para atacante - explica Lenílson. O pa também pede ao filho cuidado com as amizades. Lembra que jogador de futebol é muito visado e que qualquer coisa é motivo para críticas.
- Eu falo para ele ser humildade, atender a todos, mas com cuidado. Principalmente nas amizades. Muita gente quer se aproveitar. Por exemplo, se ele estiver tomando um guaraná num restaurante, mas seu amigo escolher beber cerveja, vão dizer que é o jogador do Santos que está tomando cerveja. Por isso, falo sempre para ele ter muito cuidado - ensina. Com as lições assimiladas, André agora espera ter um futuro de sucesso no Peixe. - Estou contente com essa minha fase, mas sei que é apenas o começo. Espero que tudo dê certo daqui para frente e que, em 2010, eu possa ter mais chances para me firmar no time

Globoesporte.com

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