sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Médico do Santos pede demissão e diz que a base está largada

Médico pede demissão e relata bagunça no Santos (Ivan Storti/SFC)

Carlo Alba, um dos médicos do Santos, diz ter pedido demissão nesta quinta-feira. Em uma espécie de nota oficial enviada a jornalistas e funcionários do Peixe, o profissional explicou suas motivações.

Em contato com a Gazeta Esportiva, o presidente do Alvinegro, José Carlos Peres, disse não ter recebido qualquer pedido de demissão e falou que checaria as acusações de Alba nesta sexta.

Se a saída de Carlo Alba for confirmada, o Santos deve contratar um novo médico. O departamento já havia passado por reformulação no primeiro semestre. Veja a mensagem do funcionário abaixo. 

“Caro presidente Peres, escrevo isso com muita tristeza. Esperava um departamento médico forte com qualidade, hoje temos seis médicos e apenas eu com titulação em Medicina esportiva. Rodízio médico? Nunca vi isso em clube algum, eu como santista de raiz, inclusive devolvendo uma quantia considerável ao clube, não compactuo com o que vejo no clube. Falta de ética, de harmonia, de comprometimento. Hoje é nítido isso no clube na área médica. Um péssimo ambiente entre médicos e fisioterapeutas que tentei ajudar, mas sem sucesso e o alertei algumas vezes. Medicina de futebol é diferente. Os médicos têm que ter experiência, rodagem, humildade, currículo. Hoje temos vários atletas na base que sofrem. Medicina é uma arte que tem que acompanhar. É inadmissível um profissional ir meio período no grupo principal e fazer jogos. Isso não existe, não cria vínculo algum com os jogadores e muito menos com a comissão técnica, que muitos nem sabem o nome. Enfim, não sou o dono da verdade, mas não compactuo com isso. Médicos que trabalham no profissional têm que ter titulação em Medicina Esportiva e bagagem. Enfim, vou cumprir o meu contrato e volto para o Conselho! Volto para a arquibancada, fiz a minha parte e o alertei sobre isso sem sucesso”, disse Alba.

“Meu viés não é político e sim técnico. Como podem colocar um coordenador médico (Jorge Merouço) ganhando 40 mil CLT, sem nenhum título de especialista. E o pior, médicos também sem título de Medicina Esportiva, sem comprometimento nenhum ao clube. Outra pergunta: que time do Brasil tem rodízio médico entre base e profissional? Isso é política barata que está prejudicando o clube. Medicina é coisa séria, tem que acompanhar o atleta, ter um bom relacionamento com os fisioterapeutas e reabilitar rápido. Foi isso que aprendi em quase 20 anos de medicina esportiva. Como pode aprovar um jogador machucado com uma lesão séria no púbis que não joga há 3 meses e hoje completa quase seis? (Felippe Cardoso). O coordenador médico assinou e não consulta ninguém e quem paga a conta? Ele? Não, o clube. Como pode um médico ir no profissional meio período por semana? E a base? Largada, cada dia um médico, jogadores que demoram para recuperar lesões simples. Ou seja, nosso patrimônio jogado ao lixo. Hoje, no profissional, seis atletas tratando por precipitação, sem exames adequados. Cansei de avisar que esse modelo é errado e o pior de tudo, ambiente péssimo entre coordenador e os fisioterapeutas. Eu sou Santos, não compactuo com isso e prefiro sair. Presidente foi avisado”, completou.

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