segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Entre o moderno e o antigo: cinco anos de Arouca no Santos


O cabeça-de-área do futebol brasileiro foi, durante muito tempo, um jogador implacável na marcação, faltoso, tímido no apoio ao ataque e com habilidade suficiente para, no máximo, tocar a bola para o companheiro mais próximo. Dunga e Gilberto Silva assumiram esse papel em campanhas vitoriosas do Brasil nas Copas do Mundo de 1994 e 2002, respectivamente. No Santos, Paulo Almeida, Fabinho e Maldonado foram os carregadores de piano nas conquistas da década passada. Um dos responsáveis pela construção da nova era dos volantes é Arouca, que, no dia 30 de janeiro, completa cinco anos atuando na Vila Belmiro. 

Desde sua chegada ao Santos – resultado de uma troca muito comemorada pelos torcedores santistas até hoje –, o camisa 5 tem atuações elogiadas pela combinação de força física, boa técnica e versatilidade. Marca sem ser um brucutu e sabe como tratar a bola.

Apesar da função moderna dentro de campo, Arouca não segue a tendência nacional de mudar constantemente de clube. No Fluminense – é cria de Xerém, onde a equipe carioca mantém sua estrutura de categorias de base –, já havia sido titular absoluto durante quatro anos consecutivos, de 2005 a 2008. 

Em entrevista publicada por A Tribuna na edição impressa deste domingo, ele reforçou a identificação com o Peixe, time que considera sua segunda casa. “Tirando o São Paulo, onde fiquei um ano, tive longa passagem pelo Fluminense e aqui. Por isso, me considerado um jogador à moda antiga. A identificação e a continuidade no Santos, ninguém vai apagar”. 

Feitas as declarações de amor, este blogueiro relembra alguns fatores que marcaram os últimos cinco anos do volante. 

MULTIFUNCIONAL
Em 2010, como primeiro volante, deu o suporte necessário para que Wesley, Marquinhos, Ganso, Neymar, André e Robinho pudessem deitar e rolar no setor ofensivo. 

No ano seguinte, com Adriano à frente de Durval e Edu Dracena, teve liberdade para atuar mais adiantado. A assistência para o gol de Neymar diante do Peñarol, na final da Libertadores, é considerada pelo próprio camisa 5 seu melhor momento pelo Santos. Arouca lançou mão do repertório que lhe deu projeção nacional desde os tempos de Fluminense: recebeu a bola na faixa central do campo, tabelou com Ganso, deixou rivais uruguaios para trás, conduziu até a meia-lua e tocou para o camisa 11 mandar para as redes. 

Em meados de 2012, depois de ocupar quase todas as funções do meio-campo, foi muito questionado pelos setoristas do Santos sobre sua preferência no esquema tático. Seguindo à risca a praga do discurso padrão – o “bom-mocismo” é sua marca registrada nas entrevistas –, disse que não tinha predileção e garantiu que jogaria sem problemas onde Muricy Ramalho pedisse. 

FALHA PELA SELEÇÃO
Os títulos e as boas atuações no Santos o levaram para a Seleção Brasileira em 2012, quando o técnico ainda era Mano Menezes. A dispensa do treinador, a sequência de gols de Paulinho, seu rival direto nas convocações, e a contratação de Felipão poderiam alterar suas pretensões com a amarelinha. 

Não foi o que aconteceu, já que Arouca foi chamado para um amistoso contra a Inglaterra, em Wembley, em fevereiro de 2013. Diante de um rival tradicional e jogando em um palco histórico, ele teve uma chance de ouro para entrar com força na briga por uma vaga na Copa das Confederações. 

O que poderia ser o ponto de partida para sua participação em uma Copa do Mundo se tornou um desastre. Arouca errou um recuo de bola e possibilitou o gol de Lampard, decisivo para a vitória dos ingleses. Desde então, não foi mais convocado. 

GOLS EM 2014
Seus arremates para o gol, que deixaram a desejar entre 2010 e 2013, foram aperfeiçoados em 2014. Em quatro temporadas, o jogador acumulava só dois gols com a camisa santista – contra Corinthians, na final do Paulistão de 2011, e Guarani, no campeonato estadual de 2012. 

No ano passado, balançou as redes quatro vezes. Um dos gols abriu caminho para a goleada por 5 a 1 contra o Corinthians. O mais bonito deles, um voleio diante do Mogi Mirim, foi ofuscado pelo lamentável episódio de racismo no interior paulista. 

Na entrevista concedida ao repórter Michael Santos, Arouca disse que 2014 foi um dos melhores anos de sua carreira em termos de desempenho e números. 

Blog do Santos

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