Revelado no Santos na década de 90, Rodrigão credita à dupla campeã brasileira em 2002 o sucesso atual dos Meninos da Vila: 'O Santos tem que ser eternamente grato'
Revelado pelo Santos na década de 90, Rodrigão afirma que a base santista sempre foi forte, mas só ganhou notoriedade após a geração Diego e Robinho. O jogador de 35 anos, atualmente sem clube, recorda os jogadores revelados na mesma época em que ele despontou no Peixe e, conta também, sobre a pressão exercida nos "Meninos da Vila" no jejum de títulos do Alvinegro Praiano.
O primeiro ponto observado pelo atacante foi a dificuldade que os atletas do Santos enfrentavam para ter a primeira oportunidade nos profissionais. Diferente dos dias atuais, onde praticamente um time inteiro é aproveitado no elenco de cima, em um passado recente, os jovens revelados no Peixe tinham que buscar seu espaço longe da Vila Belmiro.
- Mudou muito o futebol de quinze anos para cá. Hoje os atletas sobem para o time profissional com 16 e 17 anos. No meu tempo, subíamos no último ano de juniores, com 19 anos pelo menos. Dos jogadores que atuaram na base comigo, quase que 90% se tornaram profissionais, porém a grande maioria teve que buscar seu espaço em outros clubes.
Segundo Rodrigão, o jejum de títulos do Peixe atrapalhou diversas gerações de bons jogadores do clube. O atacante lembra que a diretoria investia em grandes nomes do futebol brasileiro e, por conta disso, a base praticamente era jogada para "escanteio".
- Nós tínhamos um grande time na base. Dois goleiros excelentes, o Rogério, hoje treinador de goleiros das categorias menores do Santos, e o Fabiano Bola que jogou no América de Natal, nas laterais, Baiano, Michel e Gustavo Nery, na zaga, Jean e Gustavo Marzoqui, no meio, Marcos Bazílio, Adiel, Eduardo Marques e Fumagalli, e na frente, eu e o Teco. Sem contar os meninos que já estavam surgindo no banco. O lateral Ceará, hoje no Cruzeiro, era um deles.
- Além da minha geração, as que antecederam, também eram tão boas quanto à de hoje. Porém, devido a falta de conquistas da equipe profissional, nós subíamos com a responsabilidade de ganhar títulos e a pressão era muito grande. Porque além de sermos jovens, tínhamos que entrar em campo como “Salvadores da Pátria”.
A cobrança era tão grande sobre a equipe que contava com estrelas como Fred Rincón, Dodô e Deivid, que a derrota para o principal rival, o Corinthians, na semifinal do Campeonato Paulista de 2001, acabou mudando a trajetória de bons valores da base do Alvinegro Praiano.
- Lembro-me que joguei a semifinal do Paulista, onde tínhamos um ótimo time, mas acabamos eliminados com um gol do Ricardinho no final da partida. Na sequência jogamos pela Copa do Brasil com as faixas viradas pela torcida, situação natural por conta da falta de títulos, mas as consequências foram grandes, principalmente, para os mais jovens. Eu e o Baiano fomos vendidos para acertar os cofres do clube. Não queria ter saído, tinha apenas 21 anos, mas era uma necessidade do Santos.
A grande mudança na base santista
Rodrigão entende que o fator principal para a ascensão da categoria de base do Peixe gira em torno de dois nomes, Diego e Robinho, que conquistaram o Brasileiro de 2002. Segundo o atacante, a dupla acabou se "beneficiando" com a falta de dinheiro nos cofres do clube, que um ano antes gastou muito para montar um "esquadrão", que não conquistou nada.
- Em 2002, o Santos contratou o Emerson Leão que não pôde contar com um cofre bom para contratações, e acabou abraçando a base. Sorte, competência? Não sei. Se recordarmos, o Santos se classificou em oitavo (última vaga) para fase seguinte do Brasileiro, e eliminou o melhor time da competição, o São Paulo. Daí para frente atropelou todo mundo e foi campeão. Por isso que eu digo, o Santos tem que ser eternamente grato a Diego e Robinho. A partir da era destes dois jogadores, a torcida começou a olhar com outros olhos para os meninos da base. O título com jovens na equipe titular pesou e muito a favor da base com certeza.
Globoesporte.com
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