A polêmica carta assinada por Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, que autorizou Neymar a negociar com qualquer clube do mundo em 2011, pode provocar o impeachment do presidente licenciado do Santos. Na reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do clube para tratar do caso Neymar, os conselheiros enfatizaram que a diretoria já tem subsídios suficientes para exigir a renúncia do mandatário, que está afastado por problemas de saúde.
"Fui coordenador da chapa deles (Laor e companhia). Votei nele quatro vezes, mas perdi a confiança nele como líder e presidente. Ele não tem mais a menor condição de permanecer à frente do Santos. O que ele faria de bom para o bem do Santos, assim como o presidente do Barcelona, seria renunciar", desabafou Fábio Pierre, que faz parte do Conselho Fiscal do clube.
"Essa diretoria (Luis Alvaro) foi a que mais arrecadou e que mais vendeu jogadores. Hoje o presidente (Odílio Rodrigues) tem que procurar moeda no caixa para sobreviver. Um absurdo. Foi uma soberba enorme no primeiro mandato. O presidente (Luis Alvaro) mentiu sempre. O Odílio demonstra seriedade, e tem material suficiente para iniciar o processo de impeachment", disse José Rubens Marino, ex-diretor e um dos conselheiros mais influentes do clube.
Além de Luis Alvaro, os conselheiros também pediram a demissão da advogada do clube, Vanessa Palhinha. Isso porque a rubrica dela aparece no documento ao lado das assinaturas de Laor, Sandro Rosell, presidente do Barcelona na época, Josep Maria Bartomeu, atual mandatário do clube catalão, e de Neymar da Silva Santos, pai do atacante.
"Considero-me um conselheiro independente. Peço que o Santos demita a advogada Vanessa Palhina e faça alguma coisa para que o Luis Alvaro não volte até o final da gestão. Tenho orgulho de pedir o impeachment dele. Não tem mais condições dessas duas pessoas fazerem parte da vida do Santos", afirmou Celso Leite na reunião.
O conselheiro destaca que a advogada escondeu informações sobre o documento assinado, já que Odílio Rodrigues alega que não sabia da carta, mesmo tendo no departamento jurídico um funcionário que assinou o documento com Luis Alvaro.
Outro fato curioso para os conselheiros é que a diretoria santista demitiu dois importantes advogados do clube, Fábio Gonzalez e João Vicente Gazolla, mas manteve no cargo Vanessa Palhinha, que rubricou a carta.
"Pelo que ouviu na reunião, pela explicação do Conselho Gestor, o Luis Alvaro e a Vanessa foram tratados como os únicos responsáveis no caso, mas é difícil acreditar que só os dois sabiam disso. Outra coisa, foram demitidos dois advogados e ficou só ela que não se pronunciou sobre o contrato", reclama Leite.
Durante a reunião da última quarta, o Santos exibiu um dossiê que expôs Luis Alvaro, já que divulgou entrevistas de Laor negando que assinou o documento um dia antes do staff do atleta divulgar a carta assinada por ele mesmo. "Essa negociação (dinheiro adiantado) sempre foi negada por todos", disse Odílio Rodrigues.
Ex-diretor e antigo aliado cita deslealdade de Laor no caso Neymar
Até os antigos aliados atacam Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro. Pedro Luiz Nunes Conceição, ex-diretor do Santos na primeira gestão de Laor, e membro do Comitê Gestor do clube no segundo mandato, criticou a postura do presidente licenciado em atacar Odílio Rodrigues, presidente em exercício.
"Lamento profundamente a postura do presidente licenciado. Quando ele passa desesperadamente a atacar o Odílio, membro do Comitê de Gestão, e que mais o preserva, é de uma deselegância, desrespeito e deslealdade que nunca vi na minha vida", disse.
O UOL Esporte entrou em contato com a assessoria de imprensa do Santos para ouvir o departamento jurídico do clube e foi informado que a Dr. Vanessa Palhinha não irá se pronunciar sobre os pedidos de demissão. Já o presidente Luis Alvaro não foi encontrado pela reportagem.
Uol Esporte
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