sábado, 6 de abril de 2013

Internado, Muricy completa 2 anos de Santos e vence 'pressão da base' com títulos e autoridade


O técnico Muricy Ramalho completa neste final de semana exatamente dois anos no comando do Santos. A trajetória do treinador, que está internado no Hospital São Luiz, em São Paulo, por causa de uma diverticulite, se divide entre títulos e rejeição. Os críticos do técnico são aqueles que defendem um estilo de jogo mais ofensivo e que ficou conhecido como “DNA santista”, termo utilizado para exaltar os atletas formados nas categorias de base do clube, somado a um estilo de jogo mais ousado.

Desde que chegou ao clube, Muricy adotou uma postura bem diferente. Além de não apostar muito nos atletas da base, o
treinador envelheceu o time, dá preferência aos esquemas táticos mais defensivos, e irrita conselheiros, torcedores e até dirigentes do clube ao atuar com sua equipe sempre “atrás da linha da bola”, postura que aguarda o adversário em seu campo de defesa para apostar nos contra-ataques.

Para sobreviver às campanhas internas, o treinador utiliza um discurso que apresenta seu currículo vitorioso na Vila Belmiro, já que Muricy conquistou quatro títulos pelo Santos em dois anos – dois Campeonatos Paulistas, uma Copa Libertadores da América e uma Recopa Sul-Americana.

“Se olhar com carinho, não sei se tantos técnicos há dois anos ganharam tantos títulos em apenas um clube. Acho que é só aqui. É difícil em um clube grande ganhar quatro títulos em dois anos. Minha carreira sempre foi assim”, disse Muricy após o empate contra o São Caetano na última quinta-feira.

Muricy não se abala com a pressão, pelo contrário, o treinador ganhou a fama de “dono do CT Rei Pelé” pela autoridade e respeito e conquistou entre os funcionários do Santos. O treinador chega a dormir no local de trabalho e até protege o ambiente dos jogadores, impedindo a circulação de empresários e amigos de atletas no local.

A crise de Muricy no Santos começou após a derrota vexatória na final do Mundial de Clubes da Fifa em 2011, quando o time brasileiro foi goleado por 4 a 0 para o Barcelona, da Espanha. A utilização de três zagueiros pela primeira vez em sua passagem pelo clube em plena decisão e sem realizar um treino tático sequer, não agradou a dirigentes e torcedores santistas.

Em 2012, a eliminação na Libertadores para o arquirrival Corinthians levantou uma questão jamais contestada na carreira do treinador – o fato de Muricy preterir os treinos táticos. O jargão “aqui é trabalho” conquistado pelo técnico em outros clubes é questionado principalmente pelos conselheiros do Santos.

Nesta temporada, Muricy foi alvo de protestos no Conselho Deliberativo do Santos. Os conselheiros cobravam o treinador em relação ao aproveitamento dos atletas campeões da Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano.

“Quero pedir ao Conselho Deliberativo do Santos para encaminhar um pedido ao Comitê Gestor sugerindo que a taça da Copa São Paulo de Futebol Júnior fique uma semana na sala do Muricy Ramalho, de frente da cadeira dele”, disse o conselheiro Celso Leite, que foi aplaudido de pé após o discurso

Segundo o conselheiro, os santistas perderam a paciência com Muricy após o treinador preterir as revelações do clube para utilizar jogadores de pouca expressão, como Guilherme Santos e Pinga, além do veterano Marcos Assunção.

“Quem joga com Pinga, Guilherme Santos e Marcos Assunção, e não vê que jovens como Emerson Palmieri, Leandrinho, Givanildo, Gustavo Henrique, Jubal e companhia, estão pedindo passagem, não serve para treinar o Santos. Não tem harmonia. Nas redes sociais, entre 100 torcedores, só um defende o Muricy. Ninguém aguenta mais”, disse Celso Leite.

Após as cobranças, Muricy utilizou Giva, Emerson Palmieri, Alan Santos e Neilton. O primeiro, inclusive, virou titular e marcou três gols no Campeonato Paulista. Muricy tem contrato com o Santos até o fim deste ano e vive o dilema entre renovação contratual e demissão. Até encerrar a carreira na Vila Belmiro também não está descartado pelo treinador nos bastidores do clube.

Uol Esporte

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