Quem vê o assédio em cima de Neymar, Robinho, Pelé e outros jogadores não imagina que outro personagem tão importante da história centenária do Santos também sofreu com tudo isso há muito tempo. Aliás, qual torcedor de verdade do Peixe não sabe quem foi Araken Patusca? Pois então.
O atacante do Alvinegro nas décadas de 20 e 30 já recebia todo o carinho dos fãs no seu tempo.
Foto de Araken Patusca na casa de sua viúva, Laura(Foto: Gustavo Serbonchini)
Araken foi o primeiro grande jogador do Santos e também o precursor de tudo o que se vê hoje na Vila Belmiro.
Se atualmente existem as “Neymarzetes”, há quase oitenta anos as “Arakenzetes” eram quem causavam furor. Quem lembra muito bem de tudo isso é dona Laura Patusca, viúva do ex-atacante do Santos.
Dona Laura fala com muita emoção de toda a vida de seu marido. Ela se recorda do amor que ele tinha pelo futebol, de como era dentro de casa, mas não deixa escapar da memória como era o assédio em cima de Araken.
– Ele tinha o reconhecimento de todos. O Araken não podia sair na rua que era um horror. Parava tudo. Um assédio terrível. Uma vez estávamos passando no Viaduto do Chá e o Araken parou umas 40 vezes – recorda-se Laura, com lágrimas nos olhos.
Após encerrar a carreira como jogador de futebol, Araken trabalhou em um laboratório. Também foi radialista e comentarista. Antes de ingressar na carreira jornalistica, ele também prestou serviços para a Light – empresa que gerenciava a distribuição de energia. É nesta passagem da vida do atacante que Dona Laura tem mais uma lembrança marcante.
– Ele trabalhou na Light, os jogadores não eram remunerados no começo. Ele trabalhava na Light em um guichê. Fazia fila. Todo mundo queria ser atendido por ele. Era preciso fechar aquela estação de trabalho, passar para os outros, senão criava uma confusão danada.
Time do Santos em 1929. Araken Patusca é o quarto agachado (Foto: reprodução)
Se hoje é praticamente impossível um jogador retribuir de verdade o carinho dos fãs – Neymar, o mais assediado pela torcida, tem dificuldades para andar sem ser cercado por torcedores enlouquecidos atrás de um autógrafo, foto ou lembrança –, na época de Araken as coisas eram diferentes.
O assédio era terrivel, mas era gostoso. Eu sentia um orgulho muito grande dele. Com o pessoal, ele era muito atencioso. Queridissimo. Ele era extrovertido. Sabia cativar as pessoas. Adorava tudo isso. Sempre parava para dar atenção – diz dona Laura.
Na memória da torcidaFilho do primeiro presidente e um dos fundadores do clube, Sizino Patusca, e irmão de Ary Patusca, Araken começou no Santos com apenas 16 anos. Entre indas e vindas, ele jogou no clube de 1923 a 1929 e de 1935 a 1937. Nas duas passagens marcou 177 gols em 193 partidas.
Por todos os feitos e de sua importância, Araken ainda está na memória da torcida santista. Mesmo entre os mais jovens, o nome do atacante não passa em branco. Carlos Ricardo da Silva, sobrinho neto de Araken, se lembra bem disso. Em uma viagem com Dona Laura, sua tia, eles tiveram tratamento especial por ter Patusca no nome.
– Estávamos em um navio e o garçom bateu o olho. Ele pegou o cartãozinho, parou e falou:
"Patusca? A senhora é parente do Araken?" Ela disse: "Eu sou a viúva". O olho encheu de lágrima. Ele mostrou um boton do Santos na gravata e falou: "Araken Patusca, o ataque dos 100 gols". E começou a falar a história – disse Carlos, que completou.
- Os olhos dele começaram a encher de lágima. Nunca tinha visto isso em um torcedor. Ele dizia: Não acredito que estou na frente da esposa do Araken Patusca. E ele tinha uns 25 anos. Nunca tinha sido tão bem tratado quanto fui depois que ele descobriu que eramos parante do Araken.
Novo, velho, conhecedor da história ou torcedor ocasional. Todos os santistas sabem quem é e guardam com carinho na memória Araken Patusca, o jogador mais importante e idolatrado do início da história centenária do Santos.
Novo, velho, conhecedor da história ou torcedor ocasional. Todos os santistas sabem quem é e guardam com carinho na memória Araken Patusca, o jogador mais importante e idolatrado do início da história centenária do Santos.
Família importanteAraken foi um personagem importante na história do Santos. Mas ele não é o único Patusca que tem lugar especial nestes 100 anos. O pai dele, Sizino Patusca, foi o primeiro presidente do clube, entre 1912 e 13.
E teve mais Patusca importante. Ary também foi atacante do Peixe e um dos mais importantes de sua época. Ele jogou antes de Araken, entre 1915 a 1923. Nesse período, marcou 103 gols em 85 jogos.
Globoesporte.com
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