'Corneteiros' de Adilson se assustam com peso da faixa e creem em influência

O peso da demissão de Adilson Batista recaiu sobre uma padaria localizada no canal 5, no bairro da Aparecida, em Santos. Lá é que foi instalada, na semana passada, uma faixa pedindo a saída do treinador após a derrota no clássico contra o Corinthians.

Os idealizadores ficaram surpresos com a repercussão do manifesto, e a rapidez com que o desejo foi atendido pela diretoria santista.

A padaria é ponto de encontro de fanáticos pelo Santos e decorado com muitas fotos e bandeiras do clube. O dono, Carlos Eduardo Fernandes, é associado do Santos, vice-presidente da escola de samba “Sangue Jovem”, e reconhece ter influência com a atual diretoria, já que fez campanha contra o então situacionista Marcelo Teixeira na última eleição. Mesmo assim, ficou assustado com a repercussão gerada.

“Foi algo que decidi fazer depois da derrota para o Corinthians, coisa de momento. Fico até chateado, pois não imaginei que iria causar tudo isso. O Adilson não é burro. Só acho que não serve para o Santos. Não conversei com ninguém, mas sei que tem muita gente na diretoria que pensa igual a mim”, disse Carlinhos, como é conhecido o proprietário da padaria.A ideia da faixa criticando Adilson nasceu de Carlinhos.

A faixa foi orçada em R$ 50, mas o dono do estabelecimento pagou mais R$ 25 para que a entrega fosse feita rapidamente. A decisão seguinte foi a de pedir para um amigo pessoal, Victor Moran, a elaboração de um frase.

Moran, frequentador assíduo da padaria, é jornalista, trabalha em uma emissora de rádio em Santos, e também fez campanha para Luis Alvaro de Olveira Ribeiro na eleição do fim de 2009. Por conta do histórico, ele acredita ter peso o suficiente na escolha dos dirigentes em demitir Adilson.

“A gente não sabia, não imaginava que daria toda essa repercussão. Mas é claro que sabíamos da representatividade para a diretoria”, destacou Moran.A pressão da torcida foi ainda mais intensa após o empate contra o São Bernardo, por 1 a 1, no último sábado, na Vila Belmiro. Apesar disso, os dirigentes garantem que ignoraram a opinião dos fanáticos.

"Victor Moran (foto) é jornalista, apoiou abertamente Luis Alvaro de Oliveira na última eleição presidencial e foi o autor da frase presente na faixa: "Muito faz quem não estorva!! Fora Adilson!!"

“O torcedor é mal-educado, e a reação foi constrangedora na Vila. Só que aqui nós não damos ouvido para isso. Se fosse assim, não teríamos demitido o Dorival (Júnior)”, destacou o diretor de futebol do Santos, Pedro Luiz Nunes Conceição.

A faixa “fora, Adilson” da padaria foi à única instalada em Santos em repúdio ao treinador. Os “corneteiros” ganharam inúmeros defensores, dentre eles alguns associados e conselheiros do Santos. A pressão adentrou os bastidores da Vila, e por mais que a decisão pela demissão de Adilson tenha sido tomada sem a influência dos críticos, é fato que ela acalmou os torcedores.“Tem eleição do novo estatuto para acontecer em breve (dia 12 de março) e outra (presidencial) no fim do ano. Não é uma hora legal para desagradar o torcedor. É melhor fazer o que eles pedem”, destacou Victor Moran.

Uol Esporte