domingo, 27 de fevereiro de 2011

Peixe volta a jogar mal e empata com o São Bernardo. Adilson é xingado


Treinador santista será bastante pressionado nos próximos dias. São três jogos seguidos de futebol burocrático. Vitória contra o Cerro é obrigação


O cheiro na Vila Belmiro neste sábado foi de peixe frito. E a responsável pela fritura foi a própria torcida do Santos, insatisfeita com o empate por 1 a 1 com o São Bernardo pelo Campeonato Paulista. No cardápio, a cabeça de Adilson Batista.


Se a intenção do técnico era conseguir acertar um grande jogo e trazer a torcida de volta ao seu lado, pode-se dizer que a receita deu errado. O tropeço fez ferver ainda mais o caldeirão da Vila, e o treinador dificilmente terá tranquilidade para o confronto com o Cerro Porteño-PAR na quarta que vem, pela Taça Libertadores.


Depois de abrir o placar com Elano, cobrando pênalti sofrido por Neymar, a equipe se perdeu e cedeu o empate na etapa final, gol de Raul. Foi o terceiro jogo sem vitória e a senha para a torcida vaiar e xingar Adilson de "burro". Um tropeço contra o time paraguaio poderá tornar sua situação insustentável.


Com o resultado, o Santos foi a 19 pontos. Está em quarto lugar, mas corre o risco de ser ultrapassado neste domingo. Já o São Bernardo, com nove pontos, está em 15º.

Neymar resolve em um lance


Os sete primeiros minutos de jogo foram disputados num ritmo muito acelerado. O Santos começou com apetite. Veloz, envolvente, como há algum tempo não se via. O técnico Adilson Batista colocou em campo o time que a torcida vinha cobrando, com Felipe Anderson armando as jogadas para Neymar e Zé Eduardo. Logo no primeiro minuto, Neymar entrou driblando pela direita e chutou. O goleiro Marcelo Pitol espalmou e a bola ainda bateu na trave antes de ser chutada para fora. Aos três, Elano, de falta, obrigou Pitol a fazer outra boa defesa.


Aos poucos, porém, o São Bernardo foi controlando o ímpeto santista. Com a marcação mais adiantada, o time do ABC passou a sufocar as saídas de bola do Peixe. Elano, que inicia todas as jogadas da equipe alvinegra, passou a ter dificuldades para acertar o passe, tamanho o número de jogadores de amarelo à sua volta. Felipe Anderson se posicionava mais adiantado, encostando nos atacantes. Criou-se, então, um espaço no meio todo ocupado pelo Bernô.


Neymar travava duelo com Amarildo. Tentava o drible, penteava a bola. Chegou até a abusar das firulas em alguns lances. Ora, passava com facilidade. Ora era parado pelo adversário. Aos 43, veio o lampejo do craque. O camisa 11 recebeu na esquerda, driblou Dirceu e partiu em direção ao gol. Leandro Camilo, de carrinho, tentou desarmar o astro santista e acabou cometendo pênalti. Elano cobrou bem, de pé direito, no canto esquerdo alto de Marcelo Pitol, que acertou o lado, mas não conseguiu alcançar. Foi o oitavo gol do meia em oito jogos disputados. É o artilheiro do estadual.


Bota Raul


O São Bernardo voltou melhor para o segundo tempo. Marcando forte, atraindo o Santos e se lançando em contra-ataques rápidos. A entrada do atacante Raul, cujo nome era gritado pela barulhenta torcida do Bernô desde o intervalo, deu velocidade à equipe do ABC. O Peixe voltou a ser burocrático. Muitos toques de lado, sem aprofundar jogadas, sem inspiração.


Acostumada a ver a equipe atacando sempre e marcando muitos gols, a torcida santista desistiu de apoiar. O que era canto se transformou num murmúrio preocupado, que logo virou vaia quando Adilson Batista tirou Zé Eduardo para colocar Maikon Leite. Os alvinegros queriam a presença de três atacantes. Para azar do treinador, no lance seguinte, aos 23, o São Bernardo empatou a partida. Júnior Xuxa acertou ótimo passe para Raul, que entrou por trás da zaga santista, driblou Rafael e só empurrou para o gol vazio. A virada só não saiu aos 28 porque Júnior Xuxa desperdiçou passe num contra-ataque com quatro jogadores do ABC contra três santistas.


Neymar se desdobrava. Tentava jogar por todos, mas exagerava. Aos 33, ele deu um pisão desnecessário no goleiro Pitol e deveria ter sido expulso, mas o árbitro deixou em branco. A partir daí, o goleiro passou a valorizar toda dividida com Neymar.
- Tentei esfriar o jogo - admitiu o goleiro na saída de campo.


Bem mais tranquilo, o São Bernardo passou a controlar o jogo, segurando os santistas, que, nervosos, erravam passes simples. Até o experiente Elano, que não está acostumado a desperdiçar a posse de bola, passou a errar.


Ao fim, um resultado indigesto só poderia resultar em muitas vaias. Adilson Batista foi eleito vilão e já foi jogado na frigideira pela torcida santista. A receita para sair dela é conhecida: vencer.


Próximos jogos


O Santos volta a campo quarta-feira, às 21h50m (horário de Brasília), na Vila Belmiro, para enfrentar o Cerro Porteño-PAR, pela Taça Libertadores. Pelo estadual, o Peixe joga sábado que vem, contra o Oeste, em Itápolis, às 21h. Já o São Bernardo, também no sábado, às 20h30m, receberá o Mogi Mirim.


Globoesporte.com

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