Nos bastidores, uma batalha é travada e o jogador está do lado de quem gerencia sua carreira e, portanto, contra o clube que o revelou
O que começou como guerra fria hoje é um conflito escancarado nos bastidores da Vila Belmiro. De um lado, o meia Paulo Henrique Ganso e seu estafe, a maior parte formado por funcionários do Grupo DIS, empresa que detém parte dos direitos sobre o jogador e gerencia sua carreira. Do outro, a diretoria do Santos, que foi à Justiça tentar reaver 25% dos direitos sobre o atleta que foram vendidos pela gestão anterior ao grupo de investimentos. Essa polêmica poderá até culminar com a saída de Ganso, que é considerado o principal jogador santista, o cérebro do time. Pelo menos é o que garantem pessoas que trabalham com o jogador ouvidas pelo GLOBOESPORTE.COM.
Em primeira instância, o Santos obteve uma liminar e conseguiu ter de volta os 25% que haviam sido vendidos. Por pouco tempo, porém, já que o DIS conseguiu cassar e teve sua fatia de volta. Em meio a esse problema, Ganso, que está claramente posicionado ao lado da empresa que gerencia sua carreira, veio a público na última terça-feira exigir aumento salarial. O jogador, que não atua desde agosto do ano passado, quando sofreu grave lesão no joelho, não está satisfeito com seus rendimentos e quer aumento.
Acha que deve estar no mesmo patamar salarial de jogadores como Neymar e Elano, por exemplo, cujos salários estão bem acima. Ganso ganha R$ 130 mil. Neymar, graças a contratos publicitários, tem rendimentos que alcançam R$ 500 mil. O atual contrato do camisa 10 foi assinado em março de 2010 e vale até fevereiro de 2015.
A reclamação de Ganso irritou os dirigentes santistas, que garantem que o jogador não falou por si, mas por orientação do DIS. O clube emitiu uma nota afirmando que uma nova reunião foi marcada, a pedido do irmão do jogador, Júlio Lima, o Papito, para que um projeto de carreira semelhante ao que o clube fez para Neymar fosse novamente discutido. Seria a quarta reunião para tratar do assunto.
Nas três primeiras, os representantes do jogador não aceitaram a proposta santista. O problema é que Júlio Lima garante que não pediu reunião nenhuma e que o contato partiu da diretoria do Santos, logo após a polêmica entrevista do seu irmão.
- Nem sabia que o Henrique tinha dado entrevista no dia. Quem me ligou foi uma secretária do clube por volta das 13h (após a entrevista) para marcar (a reunião) - afirmou.
Papito, porém, afirma que uma nova conversa deverá acontecer na próxima semana. Só que um acordo está longe de acontecer. Até o momento, Ganso não aceita o projeto de carreira oferecido pelo clube por um motivo simples. Tudo o que o Peixe promete (midia training, aulas de inglês, fonoaudióloga, consultor financeiro) o jogador já tem, via DIS. Além disso, há a questão dos direitos de imagem.
No caso de Neymar, o Santos detinha 50% da imagem do atacante. No novo contrato, assinado em agosto, logo depois de o camisa 11 ter se recusado a jogar no Chlesea, o clube alvinegro cedeu mais 20%.
O Alvinegro acaba funcionando como uma agência de publicidade para Neymar, arranjando contratos que incrementam os salários. Já os representantes de Ganso não têm nenhum interesse nesse tipo de proposta, pois alegam que o jogador já detém 100% de sua imagem e, portanto, pode fechar seus próprios contratos sem precisar do Santos.
A possibilidade de saída do jogador não assusta os dirigentes santistas. O presidente do clube, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, tem dito reiteradas vezes que o jogador é inegociável e, independentemente da situação, só sai se alguém bancar a multa rescisória, atualmente estipulada em R$ 109 milhões.
Essa novela só deverá ser solucionada se o Santos aceitar reajustar os salários do jogador. E Ganso já avisou que, depois de toda a confusão, sua pedida será mais alta.
- As condições agora são outras - deixou escapar, em sua controvertida entrevista coletiva da última terça-feira.
Os clubes europeus interessados no craque alvinegro estão atentos a essa novela.
Globoesporte.com
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