segunda-feira, 15 de abril de 2019

Santos adia reunião com a Bolton; executivo acusado no Brasil some de site da empresa

Diretor da companhia que promete investir na Vila Belmiro é réu por supostamente integrar esquema de pirâmide em Minas Gerais

Por Globoesporte.com

Acusado de integrar um esquema de pirâmide financeira no Brasil, o executivo italiano Stefano Cionini não consta mais no site da Bolton como diretor da empresa. Ele participava das negociações com o Santos para um acordo de investimento na reforma da Vila Belmiro.

Como publicou o GloboEsporte.com na última sexta-feira, Cionini era presidente da Mister Colibri, empresa investigada pelo Ministério Público de Minas Gerais por aplicar o golpe no estado. Há relatos de vítimas em outros locais.

Segundo Roberto Diomedi, CEO da Bolton, Cionini era diretor da companhia na América do Sul. Ele teria sido procurado por dirigentes do Santos, que lhe apresentaram o projeto de reforma da Vila Belmiro.

Em mensagem enviada por celular, o vereador Antônio Banha (MDB), de Santos, que afirma ter sido o responsável por apresentar a Bolton ao Santos, diz que Cionini foi demitido. A reportagem questionou Diomedi e Cionini, que não responderam até a publicação desta reportagem.


Reprodução do site da Bolton que, até a semana passada, apresentava Cionini (abaixo, à direita) entre os diretores — Foto: Reprodução
Nesta segunda-feira, Cionini já não constava mais no site da empresa — Foto: Reprodução

Uma reunião estava prevista para essa semana entre representantes da empresa e dirigentes do Santos para tratar do acordo. O encontro, porém, foi adiado para "meados de maio", segundo o presidente do clube, José Carlos Peres.

À reportagem, Peres afirmou que o motivo do adiamento foi o fato de o arquiteto responsável pela reforma da Vila Belmiro estar finalizando o projeto:

– Já terá os orçamentos previstos. Mudamos por que será mais produtivo – afirmou o presidente.

Peres prometeu apresentar o projeto ao Conselho Deliberativo "em breve". Milton Joaquim, irmão do vereador Banha, que também atua nas negociações, disse que o apoio dos intermediários ao acordo depende da aprovação no órgão interno.

Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais concluíram que a Mister Colibri, que se instalou no país em 2011, atuava como pirâmide financeira. A promessa era de remunerar pessoas que se associassem à empresa para que elas vissem vídeos publicitários na internet.

Em 2014, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 47,5 milhões das empresas relacionadas à Mister Colibri e seus representantes.

Cionini negou ter participado do esquema. Ele afirmou que, como advogado, assessorou a empresa no Brasil.

Defensor de Cionini numa ação criminal, o advogado Ricardo Fortuna declarou que Cionini só assumiu controle da Mister Colibir após o início da investigação e, portanto, depois dos supostos fatos criminosos:

– Tenho convicção de que ele será absolvido das imputações. Ele nem fazia parte da empresa na época. Ele veio para o Brasil como advogado, a partir daí, quando já havia o processo, ele se torna sócio – afirma Fortuna.

Cionini, Peres e Diomedi em visita de representantes da Bolton ao Santos, no ano passado — Foto: Divulgação

Bolton no Brasil

Em entrevista ao GloboEsporte.com no mês passado, Diomedi afirmou que pretende investir US$ 60 milhões (cerca de R$ 235 milhões) na reforma da Vila Belmiro e na construção de um centro de treinamentos.

No ano passado, a Bolton criou uma empresa no Brasil. A companhia, em Brasília, tem capital social de R$ 500 mil e uma única sócia, Michelly Santos Mota. Ela, porém, assina uma procuração que dá "amplos poderes" para Cionini administrar a empresa.

A reportagem enviou e-mail a Michelly, mas ela reencaminhou a mensagem a Diomedi, que respondeu. Segundo ele, a Bolton no Brasil é uma empresa de apoio, que não será utilizada na operação com o Santos.

– A operação de reestruturação do estádio e do CT será feita diretamente pela holding de Dubai ou pela empresa Bolton First Credit, do Reino Unido – explicou.

De acordo com documentos do órgão do governo britânico responsável pelo registro de companhias, a Bolton First Credit tem como endereço o de um escritório de contabilidade num centro de compras em Londres. Ela é controlada pela Bolton Holdings, de Dubai, e por uma empresa estabelecida na Estônia, a Ixellion.

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