quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Compreensão mútua e 25 ligações por dia: a relação entre Sampaoli e o Santos é melhor do que parece

Técnico está obcecado em transformar o Peixe num time à altura de Palmeiras e Flamengo


Por Globoesporte.com/Martín Fernandez 

Marcos Ribolli

Jorge Sampaoli quer mais do Santos. E o Santos quer dar mais a Sampaoli. Depois das primeiras duas semanas de trabalho e de um empate no amistoso com o Corinthians, a relação entre o técnico argentino e o clube é melhor do que as aparências sugerem. Não há intenção, de parte a parte, de interromper o contrato de dois anos que os une – e que não prevê multa rescisória para nenhum lado.

O treinador está obcecado com a ideia de transformar o Santos em um time que tenha condições de enfrentar Palmeiras e Flamengo, campeão e vice do último Campeonato Brasileiro, e donos dos elencos mais caros do país.

Na avaliação de Sampaoli, o Peixe até tem elenco para brigar na parte de cima da classificação do Campeonato Brasileiro, mas precisa de contratações para encarar os protagonistas e ser mais do que um figurante nas competições que disputará em 2019. O técnico entende que foi contratado para ganhar, não para cumprir tabela.

Repórter revela bastidores dos primeiros dias de Sampaoli como técnico do Santos
Globoesporte.com


Repórter revela bastidores dos primeiros dias de Sampaoli como técnico do Santos

É por esse motivo que telefona até 25 vezes por dia para o presidente do clube, José Carlos Peres, para tratar sempre do mesmo assunto: reforços. Fechou? Não fechou? O que falta? Se não der certo, quem vem para o lugar deste? Peres e os demais dirigentes do Santos estão se acostumando à intensidade com que Sampaoli opera.

O técnico é informado em tempo real de todas as negociações do clube. Suas queixas públicas são compreendidas porque invariavelmente já haviam sido feitas antes em privado. Nas palavras de quem participa das tomadas de decisão no Santos, Sampaoli é descrito como "chato" e "trabalhador" na mesma medida.

sampaoli e comissão técnica santos — Foto: Ivan Storti/Santos FC

Quem convive com o ex-treinador da seleção argentina diz que ele não conhece o significado da palavra "paciência" – justamente uma das mais repetidas nas duas últimas semanas na Vila Belmiro e no CT Rei Pelé – e que essa forma de ser foi o combustível de suas passagens mais vitoriosas, na Universidad de Chile e na seleção chilena.

A diretoria do Peixe tenta mostrar ao treinador que até o Flamengo, com um orçamento bem maior, demorou mais de um mês para finalmente acertar as contratações de Gabigol e De Arrascaeta. Ao mesmo tempo que tenta administrar o ímpeto do técnico, o Santos trata de fazer o que está ao alcance para agradá-lo, como as mudanças recentes na comissão técnica.

O argentino, por sua vez, também está se acostumando ao fato de que não terá tudo o que pediu. Sampaoli está satisfeito com a vida na cidade, com o CT e com as condições que tem para trabalhar. Mas sabe que será preciso fazer arte (como ele gosta de dizer) com os recursos disponíveis.

Nenhum comentário: