De volta após lesão no joelho esquerdo, lateral diz que não ficará calado com cobranças injustas ao time e coloca o Peixe na briga pelo título brasileiro nesta temporada
Zeca está recuperado de uma lesão no joelho esquerdo e vai reforçar o Santos na partida contra o Coritiba, neste sábado, às 16h (de Brasília), na Vila Belmiro, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. E as cinco semanas fora de combate serviram para o lateral-esquerdo refletir. Ele caiu de rendimento em comparação com o ano passado e teve o nome pichado em protesto na casa alvinegra.
No período longe dos gramados, o Menino da Vila viu o Peixe se recuperar da instabilidade provocada pela eliminação no Campeonato Paulista, nas quartas de final, para a Ponte Preta. Único brasileiro invicto na Libertadores, o Peixe está classificado para as oitavas de final com uma rodada de antecedência.
Zeca espera que, com a boa fase, as críticas cessem. Porém, se elas continuarem, as respostas virão à altura. De personalidade forte e sem papas na língua, o atleta defende o elenco, principalmente quando o assunto é religião, e não entende as cornetas ao técnico Dorival Júnior.
Zeca faz questão de defender o elenco santista das críticas (Foto: Marcos Ribolli)
– Podem falar de mim, mas é preciso saber escutar. Tenho personalidade forte e não fico quieto. Se eu tiver razão, vou falar. Não podem misturar religião, que está acima de qualquer coisa, de medicina, de futebol. O mundo sabe disso. Não pode pichar e falar desse assunto. Há muitas pessoas em volta que vivem isso, é falta de respeito. Foram pessoas que não têm Deus no coração. Se falar, vão receber. Não vou me calar. Eu aceito com respeito os torcedores que pagam ingresso e têm direito de falar, mas eles não acompanham o dia a dia. O Santos está preparado, forte, para chegar às finais e ser campeão brasileiro. Quem quiser, fala, mas vai entrar por um ouvido e sair pelo outro. Trabalhamos pelo verdadeiro torcedor – disse Zeca, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.
Confira a entrevista completa com Zeca:
GloboEsporte.com: O joelho está curado? Tudo pronto para voltar a jogar?
Zeca: Sim, tudo pronto. Estou bem, cheio de vontade de voltar a jogar. Espero estar em campo novamente no sábado, na Vila Belmiro.
Você treinou com bola durante essa semana. Ainda sente alguma dor? Está 100%?
Não sinto mais nenhuma dor, graças a Deus. Treinei normalmente nessa semana e fiz todos os movimentos, sem restrições. Só sinto um cansaço a mais, o que é normal para quem ficou um tempo parado, mas estou bem, pronto para jogar se o Dorival quiser.
Você sempre se destacou pela alta frequência em campo, mas teve a primeira lesão séria no Santos. Qual foi a pior parte desse período fora?
A pior parte foi o começo, quando eu fiquei sabendo. É muito ruim, nunca tinha passado por isso. Fiquei mais de um mês fora, mas parece muito tempo. Nunca fiquei fora, mas coloquei a cabeça no lugar e procurei me recuperar o mais rápido possível. Fiz muitos treinos, estou ansioso para voltar a jogar e ajudar o Santos.
Como foi a lesão? Você sabia que tinha se lesionado e continou em campo?
Senti a lesão no segundo tempo da partida contra a Ponte Preta. Fui girar para marcar o Pottker e torci. Um tempinho depois, ainda dei uma voadora para tirar a bola. Eu sabia que tinha algo estranho, até falei para o Vitor Bueno. Nunca senti algo assim. Mas, como eu estava quente, não sentia tanta dor e continuei até o fim.
Zeca vai reforçar o Santos contra o Coritiba (Foto: Ivan Storti/Santos FC)
A expectativa era de, no mínimo, 45 dias para voltar a atuar. Em pouco mais de um mês, você está pronto. O que fez para acelerar a recuperação?
Foi uma artroscopia simples, era de 45 a 60 dias (de recuperação). Mas agradeço aos fisioterapeutas pelo tratamento. Trabalhei em dois períodos e em casa, à noite, para me recuperar rápido.
Até comprou um aparelho para trabalhar em casa, né?
Sim. Não custa nada, é um investimento bom. É um aparelho para fazer gelo em casa, é bom para colocar quando não está fazendo nada, deitado. É algo para ajudar, que nunca vai fazer mal.
E foi em casa que assistiu ao empate do Santos contra o The Strongest?
Sim, estava em casa. Depois, fui para São Paulo em uma reunião com o meu empresário. Na verdade, não vejo muito os jogos porque fico nervoso, gosto de jogar e é ruim ficar fora. Fico feliz pela classificação, nosso time está evoluindo. Com humildade, pés no chão, vamos chegar nesse título. A altitude complicou muito. Foi um grande resultado.
A reunião foi para ser negociado na próxima janela de transferências?
Não, foi para questões nossas mesmo, mas deixo em aberto. Se tiver de fazer... Não procuro falar desse assunto porque não me passam nada. Estou feliz no Santos e mais feliz ainda por poder voltar a jogar no sábado. Deixo nas mãos de Deus e da rapaziada (empresários).
Zeca teve o nome pichado em protesto na Vila Belmiro (Foto: Lucas Musetti)
Voltando ao futebol, o Santos sofreu com a sua ausência. Três jogadores foram testados. Como você viu o desempenho deles?
Cada um faz uma função diferente. Copete é mais rápido. Como atacante, já faz função quase de lateral voltando a marcar para sair rápido. Para o Matheus Ribeiro foi mais difícil. Eu fui lateral-direito e sei como é passar para a esquerda, é totalmente diferente. O começo é estranho. Ele se adaptou e teve reação rápida. Jean Mota foi muito bem também. A dificuldade é mais na marcação. Eu estou há anos jogando, sei quando o atacante vai passar, quando tenho que me antecipar. Agora tem que ter uma vaguinha para mim no sábado (risos).
Antes da lesão, você admitiu uma queda de rendimento. O período fora é bom para refletir, saber o que estava errando e voltar melhor?
Sim. Acho que o time não estava encaixando no começo, mas sempre trabalhamos e conversamos para acertar. Em alguns jogos, tivemos erros de marcação, até meus. Fui bem contra a Ponte Preta, mas fomos eliminados nos pênaltis e eu me lesionei.
Acha que o torcedor sentiu a sua falta?
Fiz falta porque estou acostumado a jogar com David Braz, Lucas Veríssimo, Victor Ferraz... Estou de volta e pronto para jogar bem.
Você foi alvo de críticas e o único a ter o nome pichado no muro da Vila Belmiro naquele protesto. Acha que foi justo?
Foi errado escreverem aquilo. Podem falar nomes, podem falar de mim, mas é preciso saber escutar. Tenho personalidade forte e não fico quieto. Se eu tiver razão, vou falar. O problema foi misturarem com a religião, que está acima de qualquer coisa, de medicina, de futebol. O mundo sabe disso. Não pode pichar e falar de religião. Há muitas pessoas em volta que vivem isso, é falta de respeito. Foram pessoas que não têm Deus no coração que fizeram isso. Mas a minha cabeça está boa, a do grupo, também, estamos centrados.
Acredita que as críticas foram exageradas? Na primeira derrota para o São Paulo, em casa, já tentaram invadir vestiário...
Se falar, vão receber. Não vou me calar. Eu aceito com respeito os torcedores que pagam ingresso e têm direito de falar, mas eles não acompanham o dia a dia e o esforço que fazemos para dar felicidade a eles e aos nossos familiares. O Santos está preparado, forte para chegar às finais e ser campeão brasileiro. Quem quiser que fale. Vai sair por um ouvido e sair pelo outro. Trabalhamos pelo verdadeiro torcedor. Esse, sim, nós temos que ouvir.
Zeca defende o trabalho do técnico Dorival Júnior no Santos (Foto: Ivan Storti/Santos FC)
O Santos se classificou com antecedência na Libertadores e está invicto. Enquanto isso, o Flamengo, um dos favoritos, foi eliminado. Isso valoriza a campanha de vocês?
A Libertadores é difícil. Não vi o jogo do Flamengo, mas sei que eles deram o máximo. E nós temos de manter os pés no chão. Nunca zombamos de qualquer time. De degrau em degrau, vamos subir até a final da Libertadores.
Você sempre foi um defensor do trabalho do Dorival. Essa boa fase do time faz com que os torcedores mais corneteiros não tenham o que falar dele?
Até que enfim, esses torcedores vão acordar! Se foram em todos os jogos, viram que o Santos sempre correu. O empate contra o The Strongest é um exemplo da força desse grupo. Não sei quem são esses, mas os (torcedores) de verdade apoiam o Dorival. Se o Dorival me tirar hoje, não ligo, porque ele me deu a oportunidade de jogar no Santos. Ele ajudou a mim e a muitos outros. Dá oportunidade para todos... Na verdade, são loucos os que falam mal do Dorival. Quem conhece sabe do bom trabalho e do que ele representa. Esses que reclamam não devem ver todos os jogos. Assistem a um pedaço ou procuram as notícias no dia seguinte.
O Santos não teve bons inícios de Campeonato Brasileiro nos últimos anos. E agora divide os esforços com a Libertadores e a Copa do Brasil. O que fazer para ter a famosa gordura? Contra o Coritiba, o time já deve ser reserva...
Nós temos de fazer o máximo possível de pontos nesse começo. E quem entrar vai querer mostrar trabalho para dar dor de cabeça ao professor. Nosso elenco está mais experiente, mais calejado. Cada vez somos mais amigos. Estamos preparados para qualquer situação.
Você acompanha a política? Estamos em um momento conturbado, com o governo do presidente Michel Temer na berlinda...
Eu não acompanho. Sei mais pela minha vó, que acompanha. Meu modo de pensar é que temos que ter amor pelo próximo. A gente vê mendigo como cachorro de rua e tratamos o cachorro de casa melhor do que o mendigo. Educação e saúde precisam melhorar muito. Temos de mudar em tudo. As pessoas precisam pensar no próximo. GE
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