Atacante santista aparece poucas vezes na sala de imprensa do CT Rei Pelé. Mas quando dá as caras, mobiliza um batalhão de jornalistas
Maior craque em atividade no Brasil, Neymar virou celebridade. Tudo que faz vira um acontecimento. Pelo fato de ter se tornado um ídolo, não apenas para os amantes do futebol, mas também para quem não entende nada sobre o assunto, o atacante concede poucas entrevistas coletivas.
Parece contraditório, muitos devem pensar - se é famoso, o astro deveria falar mais. Mas não é assim que funciona. No dia a dia do clube, os jogadores "mortais" são os que costumam dar entrevistas. Neymar, até pelo peso que carrega, só aparece em ocasiões especiais. E quando isso acontece, reúne um batalhão de jornalistas.
Este ano foram apenas duas coletivas concedidas pelo garoto. A primeira foi após conquistar o Prêmio Puskas de 2011, concedido pela Fifa pelo golaço marcado contra o Flamengo, no Brasileirão do ano passado. A segunda foi após a exibição de gala contra o Internacional, em partida válida pela Libertadores, quando o Peixe venceu por 3 a 1, na última quarta-feira.
Dois dias após o confronto inesquecível diante dos gaúchos, Neymar foi falar com a imprensa. O treino da última sexta-feira estava marcado para começar às 10h. Geralmente, as entrevistas são realizadas após o término do trabalho em campo. Alguns minutos antes do início do treinamento, a calçada em frente ao portão 7 do CT Rei Pelé, entrada designada aos jornalistas, já estava lotada.
Na rua, vários carros de imprensa. Algumas pessoas que passavam pelo local estranhavam a grande movimentação, mas a maioria dos residentes do bairro do Jabaquara, onde fica o CT Rei Pelé, já deduzia o óbvio: “Neymar vai falar hoje, né?”
O portão foi aberto para a entrada de jornalistas, técnicos de áudio e vídeo, cinegrafistas e assistentes com dez minutos de atraso. O treino com os jogadores reservas já havia começado, mas o espetáculo era outro. Equipes dos principais meios de comunicação do Brasil estavam no recinto. Aproximadamente 80 profissionais conversavam sobre a expectativa da entrevista, que temas abordariam, etc. Alguns corriam de um lado ao outro, instalando seus equipamentos. Em dia de Neymar, não pode ter uma falha, um erro.
Enquanto isso, o craque se prepara no hotel Recanto dos Alvinegros, área que faz parte do CT do Santos, onde os jogadores se concentram, fazem trabalho de academia e descansam antes de treinos e jogos. O astro aparece no campo 3 do CT Rei Pelé, junto aos companheiros do time titular.
Neymar aparece no campo por volta das 10h45m. Máquinas fotográficas disparam, cinegrafistas miram no craque e os repórteres começam a fazer suas primeiras anotações. O treino é recreativo, a tradicional roda de bobo o descontraído rachão. Assim que entra no gramado, o "popstar" do Peixe começa a dar show: firulas, jogadas de efeito, dribles. Ele não se intimida com tantos flashes - pelo contrário, gosta: já está acostumado.
Enquanto o garoto brinca no gramado, o técnico de áudio e vídeo do Peixe, Sérgio Luiz Gonzaga, conhecido como "Pirata", entra na sala de coletiva e já começa a ajustar a mesa de som. Quem foi cobrir o "evento" já não sabe se fica dentro da sala ou se continua vendo o treino de Neymar. Por volta das 11h, o assessor do time, Fabio Maradei, um dos assessores de Neymar, Hugo Genaro, e a gestora da carreira do craque, Gabriela Pozzi, são rodeados pelos jornalistas e respondem a diversas perguntas. Em dia de Neymar, a vida desses assessores não é nada fácil.
No lado de fora do hotel Recanto dos Alvinegros, a movimentação de torcedores se torna intensa. Alguns imploram para os seguranças para entrarem no CT, única e exclusivamente para ver Neymar. Mas não tem jeito. Se o precedente é aberto para um, todos terão de entrar. Como isso é impossível, a frustração se espalha entre os meninos e meninas barrados.
São 11h50m. A maioria dos jogadores sai de campo e entra no hotel. Neymar é um deles. Começa a bater a ansiedade, pois todos se perguntam: "Que horas Neymar vai falar?"
São 12h11m. Neymar sai do hotel, aparentemente de banho tomado, e vai caminhando tranquilamente em direção à sala de entrevistas. Junto com seu pai, Neymar da Silva Santos, seu assessor, Eduardo Musa, e um segurança do clube. A caminhada é longa, e rende boas imagens e fotos para a imprensa se deleitar. Qualquer imagem de Neymar vale muito.
O astro chega tranquilo à sala de imprensa. Impressionante o silêncio que paira no ar, no exato momento em que o garoto se senta na cadeira em frente à mesa, onde ocorrem as entrevistas. O local é bem estruturado, mas fica minúsculo em dia de Neymar. São 18 cadeiras para os profissionais que trabalham no dia a dia do Peixe. Desta vez, são cerca de 70 pessoas. Parece uma sala de cinema que só passa filmes alternativos recebendo um vencedor do Oscar, campeão de bilheterias. Muita gente fica de pé.
A entrevista começa às 12h19m. Neymar responde à maioria das perguntas, 22 no total, olhando para os entrevistadores. Em alguns momentos, porém, desvia o olhar, um pouco tímido, mantendo a humildade e simplicidade. Ele é popstar, mas não tem a dimensão disso. Sorrindo, fala:
- No carnaval, a Ivete Sangalo usou uma frase em que ela disse que não sabe o que virou, mas que alguma coisa ela virou. Estou indo nessa aí. Não sei o que virei, mas alguma coisa eu virei. Aos poucos, a ficha vai cair.
Ele sorri com frequência durante a entrevista. O garoto está alegre. As perguntas envolvem sempre o brilhantismo dos gols ou as comparações com Messi. Neymar, o pai, observa com muita atenção, como se deixasse claro para o filho que ele não estava sozinho. Mas o craque responde com paciência. E quando alguma pergunta não o agrada, ele dribla com alguma brincadeira, amenizando a situação.
São 12h37m. Entrevista encerrada, após 18 minutos de bate papo com o craque. Parece pouco, mas, por ser Neymar, isso rende matérias para vários dias. O jovem sai da sala de imprensa, e consequentemente, todos vão atrás. Fotos, imagens, teclados de notebooks disparam matérias. Neymar sai abraçado com o pai. Junto, vão alguns assessores e o segurança.
Todos caminham pela parte lateral do campo 3 do CT, rumo ao hotel. Mas nem nesse momento ele tem sossego. Várias pessoas da própria imprensa levam camisas para serem autografadas. São tantos uniformes do Peixe que até o pai autografa algumas.
Globoesporte.com
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