sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Muricy Ramalho evita pensar em aposentadoria e cita Telê Santana


Treinador do Peixe diz que pressão da profissão foi determinante para o estado de saúde de seu mestre, que sofreu um derrame em 1996


A pressão sofrida pelos treinadores no Brasil tem causado problemas de saúde nesses profissionais e recentemente dois deles tiveram que deixar seu cargos por causa de tratamento.


O técnico do Vasco, Ricardo Gomes, e o técnico do Santos, Muricy Ramalho, se sentiram mal e tiveram de ser internados.


O caso de Muricy não é tão grave quanto o de Ricardo Gomes, que sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), mas o técnico do Peixe sabe que deve se cuidar porque acompanhou de perto o drama de Telê Santana, outro treinador que sofreu com o estresse no mundo do futebol. O mestre de Muricy teve um derrame em 1996, abandonou a profissão e morreu dez anos depois.

- Eu já penso algum tempo sobre saúde. Vivi ao lado de uma pessoa que teve um problema muito sério, que foi o Telê, e o que aconteceu com ele foi por causa do estresse no futebol, é complicado. A pressão em cima dos técnicos brasileiros é terrível. Às vezes as pessoas não culpam o treinador, mas ele mesmo se culpa - afirmou Muricy Ramalho.



O treinador do Peixe não consegue se imaginar longe dos gramados e, se um dia for obrigado a se retirar, anunciará sua aposentadoria. Até mesmo quando foi convidado para ser técnico da Seleção Brasileira ficou um pouco ressabiado, pois não sabia como iria se comportar.


- Se eu sair do campo eu não sei trabalhar, o meu negócio é dentro de campo. O dia em que eu sair do futebol vou para o meu sitio e não saio mais de lá. Na época em que fui convidado para a Seleção pensei diferente e em como ia ser o meu trabalho. Lá o treinador trabalha muito fora do campo e pouco nele. Precisa ir a eventos, colocar terno, ligar para jogador. O meu negócio é em campo.


Durante o período em que ficou em casa repousando, Muricy teve de mudar de papel e virou apenas mais um torcedor do Santos. Antes do jogo, passou as instruções para seu auxiliar Tata e depois se colocou diante da TV para acompanhar o Peixe.


- É só perguntar para minha mulher como foi. Ela achava que eu estava brigando com alguém. Eu acredito muito nos treinamentos e não preciso ficar perturbando ninguém com rádio ou telefone – disse Muricy Ramalho, que ainda não sabe quando poderá voltar a trabalhar normalmente. Ele esteve no CT Rei Pelé nesta sexta para conversar com os jogadores, mas segue afastado do dia a dia do Peixe.



Globoesporte.com

Foto: Wagner Eufrosino

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