sábado, 7 de agosto de 2010

Novo capitão, Dracena admite que é difícil controlar a garotada santista


Herói da conquista da Copa do Brasil, Edu fala ao GLOBOESPORTE.COM sobre sua fase, reconhecimento da torcida e o comportamento dos garotos
Eduardo Luiz Abonízio de Souza. Jogador de futebol. Conhece? Anunciando assim, muito pouca gente vai saber de quem se trata. Provavelmente apenas a família e os amigos mais próximos. Pois saiba que esse atleta, de 29 anos, acabou de entrar para a história do Santos. Na última quarta-feira, aos 44 minutos do primeiro tempo do jogo contra o Vitória, no Barradão, pela final da Copa do Brasil, ele voou para acertar uma cabeçada certeira e marcar o gol que deu ao Peixe o inédito título.

Pois é. Eduardo Luiz Abonízio de Souza é Edu Dracena. Zagueiro que chegou ao Santos em setembro do ano passado, envolto por desconfiança. Todos no clube o reconheciam como bom jogador, mas ninguém sabia ao certo como ele voltaria após cirurgia que reparou o ligamento cruzado do seu joelho direito pela segunda vez. Nem ele mesmo sabia ao certo como venceria o receio.

A recuperação foi boa, o jogador assumiu o posto de titular e líder da equipe neste ano. Virou a voz do técnico Dorival Júnior dentro (e até fora) de campo. É o conselheiro da molecada santista, que inferniza adversários, mas também dá muito trabalho aos mais velhos do elenco por causa de suas travessuras.

Edu recebeu o GLOBOESPORTE.COM, em seu apartamento na Vila Rica, região nobre de Santos, na última sexta-feira, para falar sobre essa trajetória. Falou que gol na final foi o mais importante de sua carreira, revelou que, de vez em quando, puxa as orelhas da garotada, fez comentários sobre o papel de capitão do time, que vai assumir com a saída de Robinho, sobre o reconhecimento da torcida (e da vizinhança) santista. Um desses vizinhos, que mora no prédio em frente, pendurou na rede de proteção de sua sacada, balões de gás que formam a seguinte frase: “Boa, Edu”. Resumiu o pensamento de todos os santistas.



A seguir, os melhores momentos da conversa com o mais novo herói alvinegro.

GLOBOESPORTE.COM – O Santos foi campeão da Copa do Brasil com Robinho, Paulo Henrique Ganso, Neymar, André. E você vira o personagem da final, autor do gol e herói do título. Não dava para imaginar, não é?

EDU DRACENA – Não dava mesmo. Em nenhum momento passou pela minha cabeça que um dia isso poderia acontecer: fazer um gol numa final de campeonato. Vai ficar marcado para o clube e para mim, pois é o gol mais importante da minha carreira. Imagina: num time que tem tanto jogador de qualidade, vem um zagueiro lá de trás e faz o gol do título? É muito difícil isso acontecer, mas ainda bem que aconteceu. Estou muito feliz.

GLOBOESPORTE.COM – Vocês não tiveram ainda muito tempo para curtir o título. Mesmo assim já deu para sentir o reconhecimento da torcida? Seu vizinho até “escreveu” ali em frente “Boa, Edu”...

EDU DRACENA (rindo) – Pois é. O pessoal sabe que eu moro aqui e está sempre me dando força. O vizinho de baixo, que é santista roxo, me cumprimentou, ficou bastante feliz. Eu fico muito contente com isso. É gostoso receber esse carinho dos santistas. Eles sofrem e vibram com a gente. Fazem parte desse título. Nada mais justo do que eles possam comemorar também.

GLOBOESPORTE.COM – Você chegou ao Santos em setembro do ano passado. O clube estava em baixa. Só escapou do rebaixamento no Brasileirão nas últimas rodadas. Nove meses depois, de dezembro para cá, o time está comemorando seu segundo título na temporada (o primeiro foi o Paulistão). Por que essa mudança?

EDU DRACENA – Difícil explicar, né? Realmente a mudança foi grande. Mas o que eu acho que aconteceu é que, agora, tivemos uma pré-temporada, o Dorival pegou o time no começo do trabalho, escolheu os jogadores, os meninos apareceram muito bem, a equipe deu liga mesmo.

GLOBOESPORTE.COM – Mesmo assim, o resultado foi muito rápido, você não acha?

EDU DRACENA – Sim. Foi mesmo. Eu esperava que daria resultado, pois logo no início da temporada senti um clima bom. A equipe se tornou bastante amiga, todos juntos. Mas achava que os resultados fossem aparecer mais a longo prazo. De repente, se passaram só oito meses e já estamos comemorando dois títulos. Foi bastante rápido, sem dúvida.

GLOBOESPORTE.COM – Você citou o fato de os garotos terem aparecido muito bem. É muito difícil controlar essa molecada? Dão muito trabalho para você e os outros mais experientes?

EDU DRACENA – Os moleques dão trabalho demais (risos). Brincam bastante e, algumas vezes, ultrapassam o limite. Em alguns momentos, não estão sabendo ter o limite. A gente conversa, fala, orienta. Explica que as coisas não podem ser assim. Hoje, o Santos é o time mais visto. Todo mundo se espelha em algum jogador daqui. Tudo o que se faz, repercute muito. Procuro passar para os jovens que é preciso saber o que se quer da carreira, que qualquer deslize pode deixá-los marcados negativamente. Eu, Marquinhos, Dorival e até o Robinho, que tem 26 anos, mas já viveu bastante o futebol, passamos essas orientações. Espero que eles entendam.

GLOBOESPORTE.COM – O episódio da twitcam pegou mal? (na concentração após o jogo contra o Grêmio Prudente, domingo passado, pelo Brasileirão, alguns jogadores reservas (Felipe, Madson, Zé Eduardo) ligaram a câmera de um lap top e transmitiram pela internet tudo o que se passava no quarto do hotel. Houve discussão com torcedores, inclusive. Clique aqui e lembre como foi.

EDU DRACENA - Internet, twitter. É gostoso usar essas ferramentas. Você tem um retorno legal dos fãs. Agora, tem de saber usar. Eles não precisavam se expor tanto. Se eles queriam bagunçar, tudo bem. São meninos. Mas poderiam ter feito reservadamente. Não precisava colocar uma câmera e transmitir na internet, com o Brasil inteiro vendo.

GLOBOESPORTE.COM – Esse é um discurso de capitão. Com a saída de Robinho (volta para o Manchester City), a tarja deve ficar com você. Preparado para levantar mais algum troféu ainda neste ano?

EDU DRACENA – Eu acho que seria muito importante se o Santos conquistasse a tríplice coroa, com o Brasileirão. Com esse time focado, eu acredito que temos chances. Agora, eu queria mesmo que o Robinho ficasse. Usar a tarja para mim não faz diferença. O que conta é o respeito que você conquista dentro do elenco. O Robinho tem esse respeito, assim como eu.

GLOBOESPORTE.COM – Você citou o Dorival como um dos que ajuda a controlar os garotos. Há quem diga que ele não teve pulso em alguns momentos, deixou correr solto...

EDU DRACENA – Isso não tem nada a ver. Ele tem o time nas mãos e sabe controlar tudo muito bem, sabe o que tem de fazer. É que ele não pode chegar lá e sair afastando esse ou aquele, pois não dá para desfalcar o elenco assim. O Dorival orienta, conversa, aponta o que é certo e errado e avisa: “olha, o cavalo está passando selado, prontinho. Vai deixar passar?”. Ou seja, é uma escolha também do jogador. Se o cara não se enquadra, o problema vai ser só dele. O Dorival tem um papel fundamental nas conquistas do Santos neste ano.

GLOBOESPORTE.COM – Você tem contrato até 2012. Como vê o seu futuro?

EDU DRACENA – Eu quero ficar aqui. Já joguei fora e não tenho mais aquela vontade louca de sair de novo. A não ser que seja uma proposta muito boa para mim e para o Santos. Não é algo que eu vá correr atrás. Estou morando numa ótima cidade, meu filho (Lorenzo) nasce em dezembro. Jogo num dos times mais conhecidos do mundo, clube que revelou Pelé. Por que eu iria embora?

Globoesporte.com

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