domingo, 9 de dezembro de 2012

Elano relembra 2002 e diz: 'Minha história no Santos não será apagada'


Hoje no Grêmio, meia aponta o título de 2002 como o principal da carreira, mais até do que a Libertadores do ano passado. Jogador se recorda das dificuldades e legado deixado

Embora tenha encerrado a sua trajetória no Santos no meio desse ano, Elano não esconde o carinho que tem pelo clube. Foi na Vila Belmiro que o meia, hoje no Grêmio, ganhou visibilidade, conquistou os principais títulos da carreira e conseguiu alcançar a Seleção. Mas, se o clube está na vida do jogador, ele quer que a recíproca seja verdadeira e avisa: "Minha história no Santos não será apagada".

Elano diz isso pois saiu do Peixe com um clima ruim. Na reserva, ele já não tinha bom relacionamento com o técnico Muricy Ramalho e com alguns jogadores do elenco (fato que ele nega).

Em entrevista exclusiva ao LANCE!Net, o meia disse que o Brasileirão de 2002 foi mais importante que a Libertadores do ano passado, lembrou as dificuldades vividas no começo de sua passagem pelo Santos e falou sobre o legado deixado ao clube. Confira:

Quais as recordações que tem de sua chegada ao Santos?
Foram anos de dificuldades, 18 anos sem títulos, torcida cobrava muito, faixas de cabeça para baixo, era complicado até sair de casa e ter uma vida normal. Mas tudo mudou em 2002, quando tivemos a felicidade de sermos campeões brasileiros.

Houve casos de temer pela sua segurança?
Uma vez, em 2001, cerca de 50 torcedores invadiram o CT enquanto a gente estava treinando, foi uma situação bem tensa e triste. Mas o tempo passou e conseguimos fazer aqueles torcedores felizes.

Você já estava no clube antes de 2002. Qual a importância para o grupo dos atletas remanescentes dos períodos difíceis?
A maioria já estava lá há um tempo. Paulo Almeida, Renato, Fábio Costa, André Luís... passamos a importância para eles. Foi muito legal para nossa carreira profissional. Depois da era Pelé foi o título mais importante que o Santos conquistou. Aquela conquista trouxe outras e mudou a história do clube.

Mais importante até que a Libertadores de 2011?
Para mim, foi. O Santos não vinha bem, estava endividado, não conseguia pagar às vezes... Faltava muita coisa, a estrutura não era a mesma. Depois desse título, com a venda desses jogadores, o título em 2004... o clube se reergueu. Foram anos maravilhosos, dois títulos, vice brasileiro e da Libertadores. Alavancou novamente a história do Santos. Fico feliz em fazer parte de duas gerações vitoriosas do Santos.

Você chegou sob desconfiança...
Na verdade, naquele momento não havia nem desconfiança. Eu tinha poucas oportunidades, nem jogava tanto. Quando colocou a gente como titular, conseguimos ganhar o título...

Mas ninguém te conhecia, a torcida não confiava em você.
Dúvida, né? Há aquela dúvida se vai dar certo ou não. Mas fico feliz de fazer parte da história do Santos. Tem alguns que estão há seis meses, um ano, e acham que já fazem parte da história. Eu fico feliz porque minha trajetória no clube não será apagada.


Você teve uma importância tática naquela conquista, não?
Eu era um meia, tive que me adaptar a uma nova função. Leão dizia que o time precisava de um jogador como eu. Graças a Deus consegui me adaptar. Agradeço ao (presidente) Marcelo Teixeira que demonstrou carinho comigo, seu Zito... todo aquele pessoal que foi muito importante.

Naquela época, comentava-se que você tinha um salário muito baixo, um dos menores do elenco.
Esse lado da premiação o Marcelo Teixeira foi sempre coerente, a gente nem discutia. Tive aumento no Santos algumas vezes sem nunca pedir, ele me dava naturalmente. Ele falava que se a gente conquistasse nossos objetivos ele faria a parte dele.

O título de 2002 foi um divisor de águas?
Eu peguei dois anos de dificuldade. O CT não era bom. A estrutura era muito fraca. Não foi só o título... foi reconstruída a história, com um centro de treinamento maravilhoso com a venda de alguns jogadores, revelaram-se novos talentos. Tudo se deve ao trabalho de 2002.

Como era sua relação com o Leão?
A minha relação com ele é muito boa, de respeito, amizade. Costumo ter boas relações com todos os treinadores, mas o Leão foi especial porque ele me ensinou muitas coisas nos bastidores, ele conversava muito comigo e trago isso até hoje. Agradeço a ele sempre que posso... É daquele jeito dele, fala o que pensa. Me dou bem com gente assim, pessoas sinceras. Conheço Dunga, Luxemburgo, pessoas que falam o que pensam. Erra, mas por ele, não pelo que os outros falam.

O que ele fez para você?
Você se lembra quando voltou o Robert... A maioria da imprensa falava que quem devia deixar o time era eu. O Leão me chamou na sala dele e disse que eu não sairia do time. Foi a confiança de quem estava vendo meu trabalho, por isso sou grato pelas atitudes dele, que reconheceu o trabalho de um jovem que estava batalhando.

E como o Leão lidava com as brincadeiras daquele grupo?
Tinha momentos que o Leão ficava meio bravo... Eu brincava também. Na concentração do Santos em 2002 não tinha porta fechada. Era videogame e dava meia-noite, uma hora, o Leão passava tirando os cabos da tomada. Sabia que se não fizesse isso o pessoal virava a madrugada. Isso foi até na véspera da final, pessoal falando que ia ser campeão, a maior bagunça.

Como comemorou o título?
Fui até a basílica de Nossa Senhora de Aparecida. E comemorei com a minha família. Foi incrível a chegada em Santos, a Serra parada, a Praça interditada, torcida nos acompanhando desde o Morumbi... Nem em 2011, com a vitória da Libertadores, vi festa igual.

Lancepress!

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