terça-feira, 19 de junho de 2018

Santos precisa demitir mais de 25 funcionários, mas encontra resistência



Santos precisa demitir mais de 25 funcionários (Ivan Storti)

O Santos contratou a PCM, uma empresa de consultoria de Jaguariúna, em São Paulo, para ajudar o clube a se reorganizar administrativamente. E a análise dos especialistas não foi boa: o Peixe precisa fazer mais de 25 demissões, em diferentes departamentos, como jurídico, marketing, comunicação, médico, comercial, segurança…

O conselho da PCM veio ao encontro do que pensa José Carlos Peres e a maioria do Comitê de Gestão. Os dirigentes entendem que é o momento de profissionalizar o alvinegro, transparecer credibilidade e cortar os que foram contratados só por conta do apoio na campanha eleitoral ou relações pessoais.

O planejamento de Peres inclui desligar até aliados da eleição e amigos de longa data até o fim dessa semana. A ideia é despedir ao menos 25, realocar profissionais sem função e fazer poucas contratações para “arrumar a casa”. Pessoas próximas afirmam que o presidente não parece ser alvo de dois pedidos de impeachment e o discurso de mudanças é reafirmado com frequência, sem grandes preocupações políticas. A maior dor de cabeça está em se adequar às recomendações do Conselho Fiscal. 

“Devemos dar autonomia às gerências, em especial aquelas recém profissionalizadas, como por exemplo o Jurídico e o Marketing. Ou seja, tudo com critérios absolutamente técnicos, com uma resposta aos apontamentos do Conselho Fiscal”, disse o presidente à Gazeta Esportiva.

A iniciativa, porém, esbarra em parte da diretoria. Um exemplo recente é o da advogada Mayti Justo, gerente no departamento jurídico, demitida na última sexta-feira. Houve a tentativa de impedir a rescisão, sem sucesso. A funcionária trabalhava há 19 anos na Vila Belmiro. Rodrigo Gama Monteiro foi contratado para chefiar a área. Daniel Bykoff tornou-se “apenas” assessor executivo da presidência. Antes ele acumulava as funções.

Rodrigo é um dos motivadores da defesa em busca da profissionalização. Ele e Marcelo Frazão, executivo de marketing, ganharam grande espaço no Santos. A dupla chegou até a participar das negociações finais pela venda de Rodrygo ao Real Madrid-ESP. Rodrigo veio do Atlético-PR. Marcelo trabalhava no Flamengo. Ambos não tinham histórico em Santos e muito menos ligações políticas.

Há certa resistência para o choque a ser realizado. A reportagem apurou que Orlando Rollo e mais dois dos nove membros do Comitê de Gestão não concordam com as demissões. O vice-presidente nega. Peres não comentou especificamente sobre essa questão.

“Depende. Sou favorável à redução, mas com critérios. Temos que avaliar nome a nome”, disse Rollo, que não vive bom momento na relação com o Peres, em contato com a reportagem.

A pauta sobre a nova leva de demissões será levantada em reunião do Comitê de Gestão na próxima quinta-feira, em São Paulo. O Santos já rescindiu vários contratos no início do ano e afirma ter reduzido a folha salarial anual em mais de R$ 40 milhões. O cenário ideal conta com apenas 100 funcionários.

Santos é de… Santos?

Além da questão política e dos funcionários contratados por amizade e/ou participação durante a campanha, há no Peixe uma “resistência geográfica”. O Conselho, formado por cerca de 300 pessoas e poucos jovens, possui uma ala que é contra a chegada de profissionais “não identificados com o clube”.

Ou seja, para parte do órgão, é preciso ser santista e morar na região para ter o currículo suficiente. O presidente José Carlos Peres e a maioria da sua diretoria, com vários que não são de Santos, não compartilham esse pensamento e não se importam em trazer quem tenha história em outras equipes, como William Machado, atual gerente técnico e ídolo do Corinthians.

Em meio a demissões planejadas, o Santos deve anunciar Ricardo Gomes como executivo de futebol nessa semana. O treinador de 53 anos teve carreira de sucesso como jogador e dirigiu diversos clubes, como São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Ele já teve a aprovação do Comitê de Gestão.

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