terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Ricardo Oliveira faz balanço e admite que Seleção não estava nos planos


Atacante do Santos relembra jogo com o Botafogo-SP, no Campeonato Paulista, como divisor de águas e avisou que não dá para “abolir” a camisa 9 do futebol mundial

O ano de 2015 deverá ficar marcado de maneira especial na carreira do atacante Ricardo Oliveira. Depois de retornar ao Brasil vindo do futebol árabe no início desse ano, já nem passava por sua cabeça ter uma nova oportunidade na seleção brasileira, onde tinha estado pela última vez em 2007. Muito menos aos 35 anos. Pois o camisa 9 não só voltou a ser chamado, como ainda foi o artilheiro isolado do Campeonato Paulista e do Brasileiro. Foram 11 gols na disputa estadual e outros 20 na competição nacional (assista ao vídeo).

- Já tinha deixado de pensar em seleção brasileira quando abri mão da liga europeia e fui para o mundo árabe. A minha última convocação para a seleção havia sido em 2007, no Milan, e era o Dunga. Aí eu saio do Milan, vou para a Espanha e não voltei mais para a Seleção. Aí vou para o mundo árabe, fico cinco anos. Esquece. Não ia voltar mesmo. Aí venho para o Brasil e as coisas começam a acontecer, começam a dar certo, e não fazia parte do meu planejamento, sinceramente - afirmou o jogador para o “Seleção SporTV”, convocado por Dunga para quatro jogos das eliminatórias em 2015.

Ricardo Oliveira tinha estado na Seleção pela última vez em 2007 (Leo Correa/Mowa Press)

Apesar de o ano ter terminado em alta para Ricardo Oliveira, o início da temporada foi diferente. Ele vivia um jejum de gols até que, no dia 8 de março, pela oitava rodada do Paulista, cobrou dos companheiros que apostassem nele. Resultado: dois gols e “porteira” aberta para outros tantos, junto com o título.

- No início do Campeonato Paulista houve uma seca, não conseguia fazer gol. Foram acho que nos quatro primeiros jogos. Estava muito bem fisicamente. Chegou um momento, no jogo contra o Botafogo-SP, que termina o primeiro e volto muito chateado para o vestiário. Não tinha dado um chute ao gol e não tinha recebido uma bola em profundidade. E aí, quando a gente estava voltando para o meio-campo, reunimos o time ali, olhei para os companheiros e falei: "Vocês não confiam em mim, vocês não acreditam que eu possa ajudar? Fiz talvez cinco, dez movimentos e não recebi uma bola, me dá a bola, quero fazer o movimento e receber a bola. Vou fazer gol, pode dar a bola em mim que vou ajudar". E aí no primeiro movimento que faço, recebo a bola e faço o gol. Fiz dois gols nesse jogo, a partir daí os gols começaram a sair. O divisor de águas foi esse jogo. 

Centroavante de ofício, Ricardo Oliveira avisou que não dá para “abolir” a camisa 9 do futebol. Ele ressaltou que quem carrega o número nas costas terá sempre o peso e a responsabilidade de balançar muito as redes.

- Digo sempre que depende muito da influência. Hoje o cara quer ser atacante, quer ser como Neymar, Cristiano Ronaldo... Acho que precisa alguém que possa contagiar as crianças que estão sendo formadas. Que diga, "quero ser o Neymar porque tenho característica do Neymar", "quero ser um Messi", "quero ser um Cristiano", "quero ser um Ricardo Oliveira", “quero ser um Vagner Love”, não dá para a gente abolir o número 9 do futebol. O cara que leva a camisa número 9, no Brasil, se ele jogar de ponta esquerda vai ser cobrado para fazer 30 gols no ano.

Ricardo Oliveira tem contrato com o Santos até o final de 2017 (Foto: Estadão Conteúdo)

Mas se hoje Ricardo Oliveira tem por especialidade marcar gols, em outro momento ele quase se viu diante da única chance no futebol ser na defesa, evitando gols. Um técnico o sugeriu ser zagueiro. Mesmo se saindo bem, ele queria mesmo era marcar gols.

- "Tá boa, vou treinar". Treinei, fui bem. Era rápido, subia bem de cabeça, antecipava, não perdia em velocidade. Aí o cara falou: "Tá vendo, vou fazer de você o melhor zagueiro do mundo". Cheguei no treinador e falei: "Se tiver uma chance de jogar no seu time como centroavante, me ajuda. Se não tiver vou ter que ir como zagueiro mesmo, é a última cartada minha. Se não for, acabou". Ele falou: "Não, rapaz, aquilo lá foi um treino porque não deu para te colocar aqui. Você vem para o meu time como centroavante". (O nome dele é) Silva, Carlos Silva, trabalhou no São Paulo, é meu amigo, e tenho uma admiração e contato até hoje com ele. Me colocou como centroavante e a partir daí que as coisas aconteceram. Pensa eu treinando triste! Nem de brincadeira jogava de zagueiro - concluiu Ricardo Oliveira, que tem contrato com o Santos até o final de 2017.

Globoesporte.com

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