segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pelo fim da elitização da Vila Belmiro!


 A atual diretoria elitizou a Vila Belmiro.

Construiu setores do estádio para patrocinadores, ampliou os camarotes, aumentou o preço dos ingressos e abandonou seu torcedor mais humilde, esquecendo o fato de que o futebol é um esporte essencialmente popular.

Ao elitizar a Vila, o estádio encolheu.

Um estádio que - acreditem se quiser - chegou a abrigar 33 mil pessoas em um só jogo (sem o menor conforto, evidentemente, mas não deixa de ser verdade).

Se em 2002 podíamos ver um público de 20.000 pagantes para empurrar o Peixe para a vitória de 3 x 0 sobre o Grêmio na semifinal do Campeonato Brasileiro, hoje isso passa longe da realidade.

Lembro que em 2004 fui à Vila assistir com meu pai a dramática vitória nos pênaltis (5 x 3) contra a LDU, de Quito, após uma difícil vitória por 2 x 0 no tempo regulamentar.

Haviam naquele dia 18.221 pagantes, mas provavelmente uns 23 mil torcedores presentes.

Em determinado momento, quando o time santista acertava seu primeiro pênalti, achei que a Vila Belmiro ia desmoronar, tamanho o barulho, "pulação" e gritaria dentro do estádio.

Naquele dia, sim, um verdadeiro alçapão.

Mas hoje não mais...

Sabem quantas pessoas presenciaram em 2010 a final da Copa do Brasil, contra o Vitória, na Vila Belmiro?

Apenas 14.060.

E sabem dizer quantas testemunhas presenciaram a tragédia diante do Corinthians em 2012?

Meros 14.788.

De 2002 para cá, muitas reformas foram realizadas na Vila Belmiro.

Três foram as mais impactantes.

A primeira ocorreu em 2006, quando a gestão Marcelo Teixeira construiu camarotes no lugar da antiga geral da Rua Princesa Isabel, localizada logo abaixo das cadeiras sociais, conforme podemos ver na foto abaixo.


A segunda aconteceu em 2008, ainda na gestão Marcelo Teixeira, com a inserção de cadeiras na arquibancada inferior lateral, que passou a se chamar "setor Visa", espaço do estádio na época totalmente elitizado, com ingressos mais caros e possibilidade de compra apenas com o cartão Visa (hoje o contrato com a Visa terminou, e os ingressos para esse setor voltaram a ser vendidos na bilheteria, a preços populares - mas as cadeiras continuam).

E de nada adianta colocar cadeiras para o público, alegando maior conforto, se em dias de chuva 80% das pessoas sairão de seus assentos encharcadas.


A terceira e mais drástica mudança, na minha visão, foi a transformação de todo um setor de arquibancada em camarotes, a arquibancada inferior atrás do gol onde canta a torcida Sangue Jovem, no setor visitante.

Isso ainda sem falar no setor "premium GVT", no miolo da arquibancada atrás do gol próximo à torcida visitante, setor igualmente elitizado, com preços bastante salgados.


O pior de tudo é o fato de todos esses camarotes citados estarem inacessíveis ao torcedor santista.

Os camarotes existentes embaixo das sociais destinam-se a familiares de jogadores, dirigentes, políticos, ex-jogadores e afins.

Os atuais camarotes presentes na antiga arquibancada térrea atrás do gol são de utilização exclusiva de empresas patrocinadoras do Santos (algo inútil, visto que nem assim o clube arruma um patrocinador master).

Como se não bastasse, nem os sócios-torcedores do clube podem acessar os camarotes (salvo engano).

Nem mesmo os sócios-diamante, a mais alta categoria de sócios santistas.

O estádio santista diminuiu para o luxo de poucos.

Afinal, para o torcedor comum não foram construídos toldos para fugir da chuva (capas de chuva vendem bem na Vila Belmiro), os preços dos produtos consumidos dentro do estádio seguem caríssimos, os banheiros continuam em péssimo estado de conservação, etc, etc, etc.

Hoje cabem na arena alvinegra, no máximo, 16 mil torcedores (mas mesmo quando a diretoria anuncia que "todos os ingressos foram vendidos" essa quantidade de pessoas nunca bate).

Sem falar que a desorganização da bilheteria em dias de jogos continua a mesma, sempre com poucos atendentes e um rigor extremo no momento da venda de bilhetes.

Portanto, fica pergunta: valeu a pena encolher a Vila Belmiro?

Valeu a pena entregar seus espaços para empresas?

Ou mesmo para o luxo e conforto de dirigentes de futebol e políticos?

Penso que não.

Sufocado cada vez mais pela elite santista, a Vila Belmiro perde gradativamente o título de Alçapão (apelido que remonta a 1930).

Ao invés de se tornar a "La Bombonera" brasileira, o estádio alvinegro caminha com a atual diretoria para se transformar em um mero "estádio-boutique", nas palavras do próprio LAOR, em 2012.

A Vila perdeu seu charme, seu encanto, para se tornar o reduto de dirigentes, políticos e familiares de jogadores.

Uma pena para o majestoso estádio um dia tão temido pelos adversários.

Como era bom ir à Vila Belmiro em 2002...

Ver 23 mil pessoas fazendo tremer o Alçapão...

Empurrando o Peixe para a vitória...

Que saudade...

A diretoria santista precisa voltar seus olhos com urgência para o verdadeiro torcedor santista.

Aquele que sai de São Vicente e pega várias conduções para ver seu time do coração jogar.

Aquele que desce um dos morros de Santos a pé para ver o Peixe em campo.

Esse torcedor segue abandonado.

Ao contrário da elite que, apesar de todo o conforto, segue esvaziando as sociais e os camarotes.

Continuem abandonando os verdadeiros torcedores, e logo não haverá mais torcida na Vila Belmiro...

Crédito: analises do santos

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