domingo, 26 de abril de 2009

Santos quer usar hegemonia da Vila para frear Corinthians

A lotada Vila Belmiro será a arma do Santos para a primeira partida da decisão do Campeonato Paulista de 2009. Contando com um retrospecto mais do que favorável atuando no Estádio Urbano Caldeira contra o Corinthians no século 21, os comandados de Vágner Mancini abrem neste domingo a final do Estadual contra o invicto rival, às 16h (de Brasília).

Diante de um Corinthians embalado pela eliminação sobre o São Paulo na etapa semifinal e pela invencibilidade na temporada, o Santos tenta também mostrar que o tropeço de quarta, na própria Vila, não abalou o brio dos atletas.
Embora tenha sido eliminado de forma vexatória pelo modesto CSA na segunda rodada da Copa do Brasil, com uma derrota por 1 a 0, o Santos tenta recuperar a taça paulista, que conquistou nos anos de 2006 e 2007.

O grande trunfo santista para sair na frente da disputa, assim, será o caldeirão da Vila, que estará tomado por 18 mil torcedores dispostos a manter a soberania do time praiano no estádio. De 2001 até então, foram 12 partidas na casa do Santos, com oito vitórias dos anfitriões, dois empates e apenas duas derrotas.

Os únicos tropeços do Santos em seu estádio contra o rival neste século aconteceram em partidas válidas pelo Campeonato Brasileiro. Em 2001, com Vanderlei Luxemburgo no banco corintiano e Marcelinho Carioca no meio-de-campo santista, o Corinthians conquistou um triunfo por 2 a 0, com gols de Luizão, cobrando pênalti, e Galván, contra.

Quatro anos depois, em repetição de jogo anulado em decorrência da Máfia do Apito, os paulistanos voltaram a vencer: 3 a 2, resultado selado aos 42min do segundo tempo, com gol de Carlos Alberto, também em tiro livre da marca da cal. De 2005 para cá, quatro clássico entre os alvinegros na Vila, com três vitórias do Santos e um empate.

Em Campeonatos Paulistas, a vantagem santista na Vila neste século é irretocável: três jogos e três vitórias - mas o tabu se estende há 23 anos sem vitórias do Corinthians no Urbano Caldeira (a última foi em 1986, por 2 a 0). Mas o técnico Mano Menezes não teme que a soberania do rival prevaleça. Pelo contrário: o gaúcho acredita que seus pupilos, liderados por Ronaldo, farão frente e diminuirão a vantagem praiana.

"Na prática, o que vale é o que este time do Corinthians pode fazer contra o grupo do Santos. A estatística está aí para mostrar o que foi feito até agora. Daqui para frente, seremos nós que escreveremos as estatísticas", alertou Mano.

"Esse é um período de quebras de tabus", acrescentou o treinador, que usou um feito do próprio Santos e dois do Corinthians para ilustrar sua argumentação.

"O Santos não ganhava uma partida do Palmeiras no Palestra em Paulistas há 40 anos. O nosso time também ganhou dois jogos contra o São Paulo, sendo que não vencíamos clássicos há bastante tempo. E quebramos o recorde dos invictos", lembrou o treinador.

E o novo feito imbatível estabelecido pelo Corinthians, que não perdeu uma partida sequer em 2009, tirou a Taça dos Invictos do São Paulo (o time tricolor ficou 20 jogos sem perder entre 2005 e 2006) no último domingo. Mas, agora, é o Santos quem quer frustrar o rival. E, ao mesmo tempo, se recompor do tropeço de quarta.

A ordem é esquecer a derrota para o CSA, em plena Vila Belmiro, e focar todas as atenções para a decisão do Paulista. De quase eliminado, o Santos mostrou força para chegar a final, superando o Palmeiras, nos dois jogos da semifinal.

A arrancada santista comandada por jovens jogadores como o meia Paulo Henrique Lima e o atacante Neymar rende comparações com o Santos campeão brasileiro de 2002, liderado naquela época pela dupla Diego e Robinho. Sem compartilhar do entusiasmo da torcida, o técnico Vágner Mancini vê algumas semelhanças entre os dois times.

"Fica difícil de fazer comparações, pois são gerações diferentes. Daquele Santos, atualmente seis ou sete jogadores estão na Seleção e o time de hoje é diferente. A igualdade que vejo foi na forma como chegaram à final. Aquela equipe se classificou em oitavo lugar e foi crescendo. Nós também nos classificamos de forma dramática. Depois eliminamos um rival nas semifinais, como em 2002", comentou.

Outra coincidência é o adversário da decisão. Novamente o Corinthians pela frente. E como em 2002, o time praiano tratou de passar o favoritismo para o adversário.

"O Corinthians tem um time equilibrado, entrosado, que joga um futebol bonito. E até por conta de tudo que fez durante o campeonato, deve ser apontado como favorito. Fica difícil falar em igualdade também pela vantagem que eles têm. Será um jogo dificílimo", disse Mancini.

Para o primeiro duelo, o grande trunfo do Santos para reverter a vantagem corintiana é jogar em seu estádio. Pará, que deverá ser o companheiro de Germano no meio-de-campo, em substituição ao suspenso Roberto Brum, confia na força do alçapão para sair na frente na decisão.

"Agora é uma final e temos que encarar o Corinthians de igual para igual. Vamos jogar em casa e temos que nos impor. Precisamos fazer um grande jogo, ter atenção na marcação, sem bobear. Se fizermos isso, temos condições de sair de campo com um grande resultado, que nos daria uma tranqüilidade para o jogo de volta", analisou.

Enquanto o Santos tem baixas no meio-de-campo, Mano Menezes terá que fazer apenas uma alteração no time que venceu o São Paulo por 2 a 0. O atacante Dentinho, suspenso ao acumular três amarelos, deverá dar lugar ao meia Morais. O esquema tático também será alterado, saindo de um 4-3-3 e retornando ao 4-4-2.

Embora tenha que abrir mão de um esquema mais ofensivo, Mano não espera uma partida truncada neste domingo. Tudo porque, segundo ele, a Vila é um dos maiores gramados do futebol brasileiro - ainda que a impressão seja outra.

"Não há diferenças em termos de dimensões do campo, mas o ambiente pode parecer pela proximidade do alambrado", explicou Mano Menezes. "Parece que o campo da Vila é menor, mas na verdade é até maior que a do Estádio Olímpico. Realmente é um ambiente diferente e você tem que estar preparado para isso, com os jogadores concentrados", cobrou.

Gazeta Press

Foto: Ricardo Saibun/Gazeta Press

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