terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Após 'roer o osso' com Diego e Robinho no Santos, ele foi jogar a Champions e voltou para erguer taça em 2002


O volante Marcelo Silva jogou em um dos momentos mais complicados da história do Santos. Entre 1999 e 2001, a equipe alvinegra contratou nomes de peso como Valdo, Marcio Santos, Edmundo, Rincón e Dodô para quebrar o jejum de títulos importantes que durava desde 1984.

Após perder a final do Paulistão de 2000 para o São Paulo, o clube da Vila Belmiro tinha a chance de chegar a outra decisão do Estadual caso eliminasse o Corinthians na semifinal.

Como tinha vantagem após ter empatado o jogo de ida (1 a 1), o Santos segurava o 1 a 1 no confronto de volta até os 47 minutos do segundo tempo. Marcelo havia entrado na vaga do machucado Deivid para reforçar a marcação do meio de campo.

Pouco antes do apito final, porém, Gil fez uma grande jogada pela ponta esquerda, deixou o zagueiro André Luiz no chão e tocou para a entrada da área. Marcelinho Carioca deixou a bola passar e Ricardinho acertou um chute indefensável no canto direito do goleiro Fábio Costa.

"Foi uma partida muito tensa, o Galván foi expulso e tomamos um grande sufoco. Levamos aquele gol faltando menos de dez segundos para o fim. Foi o pior momento que vivi no futebol. Doeu demais", contou Marcelo, 40 anos, ao ESPN.com.br.

O volante ainda arriscou uma finalização contra o gol corintiano no último lance que poderia ter dado a classificação, mas a bola foi para fora. Era o fim do sonho santista. Já o time de Parque São Jorge acabou sendo campeão sem grandes dificuldades em cima do Botafogo de Ribeirão Preto. 

"Peguei a época de vacas magras ao lado do Elano e do Renato, torcida tinha virado as faixas ponta cabeça e fazia protestos. Em 2000, com o Carlos Alberto Parreira nós tínhamos uma seleção no papel, mas não deu liga. No ano seguinte veio o Geninho e fizemos uma campanha excelente na primeira fase do Paulista, mas pegamos o Corinthians".

Com o trauma da desclassificação ainda recente, a campanha no Brasileiro de 2001 foi fraca. No primeiro semestre do ano seguinte, após não se classificar para a fase final do Torneio Rio-São Paulo com o treinador Celso Roth, o Santos ficou sem dinheiro e perdeu praticamente todos os medalhões.

Marcelo, que era capitão e titular até então, se transferiu para o Spartak Moscou, da Rússia. Jogadores então desconhecidos como Robinho, Diego, Paulo Almeida e Alex ganharam mais espaço sob o comando de Émerson Leão.

"Todos os garotos estavam começando a se formar e não poderiam ser vendidos ainda. O único vendável naquela época era eu. O Santos tentou renovar meu contrato, mas foi uma proposta irrecusável. Iria jogar a Champions League e receber um salário cinco vezes maior. Para o clube seria bom para colocar as contas em dia porque tinha uns quatro meses de salários atrasados".

"Fui embora com dor no coração. Não me arrependo porque realizei meu sonho e fiz a independência financeira. A gente tinha expectativa grande de ser campeão, mas ninguém esperava o que iria acontecer em 2002".

Antes do início do Brasileiro daquele ano, o Santos ficou mais de dois meses apenas treinando. Mesmo assim, fez uma primeira fase cheia de altos e baixos e se classificou em oitavo lugar para as quartas de final. 

Apesar de estar desvantagem pela pior campanha, passou por São Paulo - que havia sido o primeiro - e Grêmio antes de enfrentar o Corinthians na final. Com ótimas atuações de Renato e Diego, o time da Vila Belmiro venceu o rival por 2 a 0 na primeira partida.

No duelo de volta, Marcelo Silva já estava no Brasil passando férias após ter jogado a fase de grupos da Liga dos Campeões, quando foi surpreendido por uma ligação do presidente santista.

"O Marcelo Teixeira me chamou pra ver a final com toda delegação santista no Morumbi. Estava com todos jogadores que não foram relacionados para a partida".

Dentro do estádio ele viu seus ex-companheiros Fábio Costa, Robinho, Elano e Léo brilharem na vitória por 3 a 2 que deu o sonhado título ao Santos. "Depois, entrei no gramado e comemorei para caramba. Ergui a taça, ganhei até uma medalha. Claro que me considero campeão (risos)".

Com históricas pedaladas de Robinho, Santos bateu Corinthians em 2002 e foi campeão brasileiro

"Tenho um amor pelo Santos gigantesco. Tenho muita consideração pelo Marcelo Teixeira. Vi toda molecada nascer, fazíamos churrasco em casa. A festa do título foi feita no meu casamento que foi uns dias depois (risos). O Renato e o Elano são caras que considero meus irmãos e foram meus padrinhos. O Robinho é meu amigo até hoje".
Virou empresário

Descoberto pelo ex-jogador Basílio, Marcelo Silva começou na base do Juventus antes de se transferir para o Santos. Depois de passsar pelo Spartak Moscou, o volante jogou ainda por Atlético-MG, Perugia, Vitória, Goiás e Atlético-PR, antes de se aposentar em 2009. 


Após pendurar as chuteiras, ele virou empresário de jogadores e tem um projeto chamado "Adote um Talento". Ao lado de Vampeta, Marcos Assunção e Dodô, ele irá avaliar garotos de 15 a 22 anos em Miami, entre os dias 17 e 18 de fevereiro.

"Temos como objetivo revelar jogadores para que eles se tornem profissionais, por isso estaremos lado a lado com ele para orientá-los através da nossa experiência. Os aprovados serão indicados pessoalmente por nós e terão a oportunidade que merecem". ESPN

Nenhum comentário: