domingo, 14 de junho de 2015

"Caso Oswaldo" dá força a Comitê e evidencia queda de braço no Santos



Presidente Modesto Roma Júnior autoriza superintendente de esportes, Dagoberto Santos, a negociar com técnico sem avisar membros do colegiado, que vetam acerto

Quando o Santos decidiu manter Marcelo Fernandes como técnico da equipe principal e, consequentemente, desistiu de contratar Oswaldo de Oliveira, a queda de braço entre o Comitê de Gestão e o superintendente de esportes do clube, Dagoberto Santos, ficou nítida. E os sete membros do colegiado ganharam força.

Contratar Oswaldo era um desejo do presidente Modesto Roma Júnior, do vice César Conforti e de Dagoberto, que até viajou ao Rio de Janeiro na última sexta-feira para sacramentar o acerto com o treinador. O Comitê, porém, não foi consultado com antes de as negociações serem abertas – alguns membros não ficaram satisfeitos.

Os três dirigentes acertaram praticamente todos os detalhes da contratação com o ex-técnico do Palmeiras. Oswaldo receberia cerca de R$ 200 mil no Peixe e chegaria à Baixada Santista na próxima semana. Dagoberto bateria o martelo durante um almoço no Rio de Janeiro, que coincidiria com o fim de uma reunião do Comitê na Vila Belmiro.

O presidente Modesto Roma Júnior e o vice César Conforti marcaram um encontro com alguns membros do colegiado no estádio santista para tentarem convencê-los de que contratar Oswaldo de Oliveira era uma boa opção. Eles, porém, pensavam diferente e, apoiados no Estatuto Social do clube, que determina que toda decisão deve passar pelo crivo do órgão, conseguiram vetar a chegada do treinador, demitido do Palmeiras nesta semana.

– Não houve reviravolta. Houve uma análise de todos nós, e decidimos pela permanência do Marcelo. Não é mudança de rumo, nada disso. É uma tomada de posição em prol do Marcelo Fernandes como nosso treinador, à frente da nossa comissão técnica permanente – tentou explicar Modesto.

Dirigentes alvinegros acreditam que se dependesse apenas do presidente, do vice e do superintendente de esportes, Oswaldo teria sido contratado. Caso tivessem sido consultados antes do início das negociações, os membros do Comitê já teriam sido contra e feito Modesto desistir das conversas. O mandatário, porém, minimiza o caso.

– Não houve veto nenhum. Essa informação é mentirosa. Não é veto, é opção por Marcelo Fernandes e não contra Oswaldo de Oliveira. O nome de Oswaldo de Oliveira merece respeito. O Santos Futebol Clube não vetaria jamais o nome de Oswaldo de Oliveira. Ele é um profissional sério. Não vamos falar de veto, porque essa é uma informação que não corresponde à verdade – completou.

"Racha"

O "caso Oswaldo" evidencia uma queda de braço presente nos bastidores da Vila Belmiro desde o início da temporada. Contrário à existência de um colegiado que participe de todas as decisões administrativas do clube, o presidente defende Dagoberto, que não tem a aprovação dos demais dirigentes. 

Os salários de Dagoberto Santos, inclusive, foram um dos assuntos dos quais o Comitê não concordou com Modesto. Na ocasião, o superintendente pedia R$ 95 mil, mais bônus, para acertar com o Alvinegro, mas aceitou reduzir os valores para receber R$ 80 mil, com registro como PJ (Pessoa Jurídica). 

O Estatuto Social do Santos prevê a existência do Comitê de Gestão, que tem o poder de vetar ou aprovar assuntos que sejam levados à pauta. Os membros não têm sido consultados em alguns casos, mas até o "caso Oswaldo" tentavam evitar "bater de frente" com Modesto. O episódio, porém, foi considerado como "o limite". 

No começo do ano, com as contas em frangalhos, Modesto aceitou empréstimo do ex-presidente Marcelo Teixeira. À época, o Comitê de Gestão, que precisaria aprovar a operação, ainda não tinha sido empossado. O cartola minimizou e disse que os membros tinham conhecimento do acordo.

A questão salarial também pesou na decisão do colegiado contra Oswaldo de Oliveira. Inicialmente, o valor de R$ 200 mil foi aprovado pelo presidente, pelo vice e pelo superintendente de esportes, mas os demais dirigentes convenceram Modesto de que o investimento prejudicaria a situação financeira delicada que o Santos enfrenta desde o fim do ano passado.

Agora, o técnico Marcelo Fernandes segue prestigiado na Vila Belmiro. Com a desistência em Oswaldo, o campeão paulista permanece no comando da equipe até o fim da temporada. Pelo menos este é o pensamento dos dirigentes, por enquanto.

Globoesporte.com

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