quarta-feira, 30 de julho de 2014

Fortaleza santista tem transpiração e um ‘cão de guarda’


Oswaldo de Oliveira não tem apreço nenhum pelo defensivismo. O Santos atua com três atacantes, dois homens velozes abertos pelos lados e um meia articulador, no manjado 4-2-3-1. Arouca várias vezes é um auxiliar ofensivo, motorzinho que se desdobra para fazer papel atrás e à frente. Incansável. Haja pulmões, diriam os locutores de rádio! Os laterais Cicinho e Mena, a depender do andamento do jogo, vivem escapulindo para atacar. E com toda essa predisposição ofensiva, muitas vezes atabalhoada e cheia de erros de passes, a equipe tem a defesa menos vazada do Brasileirão ao lado do arquirrival Corinthians – seis gols em 12 jogos: média nanica de 0,5 por partida. Uma façanha!

Quem viu os três jogos pós-Copa da equipe alvinegra – vitórias sobre Palmeiras e Chapecoense e derrota magra para o Fluminense – deve ter notado que a meta de Aranha passou por poucos apuros. Apenas um golzinho sofrido, marcado por Conca, do Fluminense. Alison tem lembrado Adriano na era Muricy e Paulo Almeida na equipe campeão com Leão em 2002. Um cão de guarda à frente da área, cabeça de área típico, o mordedor. Técnica não é sua praia. Compensa isso com correria e desarme – às vezes exagera às pampas! A fórmula é antiga: ter um sujeito que faz o trabalho sujo, de proteção à dupla de zagueiros. David Braz e Bruno Uvini são reservas “titularizados” pelas graves lesões de Gustavo Henrique e Edu Dracena. Também não são jogadores de técnica apurada, que saem trocando passes e têm o melhor senso de colocação do planeta. Ainda assim, a fortaleza da Baixada é pouco ameaçada. Isso só valoriza Arouca e a transpiração da equipe.

Na retaguarda, a pouca técnica é compensada com dedicação. Isso, em alguns casos, resolve. Não há retranca, há suor. Do meio para frente, è exceção de Thiago Ribeiro, a turma é jovem e volta para marcar. Além de boa organização tática, o maior mérito de Oswaldo parece ser o da disposição. A equipe é aguerrida e cumpre à risca as solicitações do comandante. No início do ano, na primeira fase do Paulistão o Santos era uma equipe goleadora, veloz, letal. Foi um sonho de verão o cumprimento ao festejado DNA. Quando os jogos foram ficando mais difíceis foi preciso trabalhar a solidez defensiva. E mesmo com limitações técnicas, a equipe desdobra-se em obediência e vontade. Esse binômio forma a resposta mais satisfatória para as estatísticas defensivas admiráveis. Nas próximas três rodadas o Santos terá três dos quatro atuais integrantes do G4: Inter e Cruzeiro fora e o clássico contra o Corinthians. Serão bons testes para ver até onde vai o aguerrido sistema defensivo santista.

Um Pé na Vila/Lancenet

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