sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Zinho projeta reforços de peso e fala sobre Claudinei e Meninos da Vila


Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, gerente de futebol aponta quais são seus principais desafios e faz uma análise do que encontrou no Santos

Campeão da Copa do Mundo de 1994, Crizam César de Oliveira Filho, o Zinho, teve uma carreira vitoriosa, com destaque no Flamengo, onde foi revelado, no Palmeiras, onde conquistou a maior parte dos seus títulos, e no Cruzeiro, onde fez parte do inesquecível time de 2003. Hoje, aos 46 anos, é gerente de futebol do Santos, após uma tumultuada experiência como dirigente do Rubro-Negro no ano passado.

Em uma conversa atenciosa com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, ele falou sobre a nova geração santista e sobre seus principais desafios no clube - onde está há pouco mais de um mês. Além disso, tratou do assunto que a torcida mais quer ouvir dos dirigentes: contratações.

Esse time do Santos precisa de muitos reforços?
Para esse ano, não temos mais condições de lamentar se falta isso ou aquilo. Já foi. Tenho que motivar o grupo, que é bom. Não estamos tão atrás de outras equipes. Para o ano que vem, estamos trabalhando para reforçar o elenco. Vai depender da parte financeira, de investidores, porque é difícil. Mas todos vão querer contratar no fim do ano. Desde o time que ganhar o Brasileiro até o que ficar em último lugar. Como não podemos contratar mais, estamos trabalhando com elenco que a gente tem, aproveitando os jogadores da base, recuperando jogadores que estavam aqui, como Montillo e Arouca, que estavam machucados. Trouxemos Renato Abreu (meia de 35 anos) para dar mais experiência a esse processo. Estamos começando a colher alguns resultados, mas essa oscilação é normal nesse processo de renovação. Claro: queremos uma sequência para não ficar longe do G-4 e não deixar o pessoal de trás se aproximar. A vaga na Libertadores seria um grande triunfo.

O Santos está com dinheiro para contratar após as vendas de Neymar, Rafael e Felipe Anderson para a Europa?
Os custos do clube não são baixos. Essa área não é minha. Sou mais para indicar e trabalhar junto com a comissão, mas nosso objetivo é trazer gente de peso. Não vou falar se temos condições de investir ou não, mas tem que trazer peças de peso, conseguir uma vaga na Libertadores do ano que vem e montar um time para brigar por títulos.

Você chegou com a janela de transferência europeia fechada e com a maioria dos atletas da Série A sem poderem ser negociados. Facilitaria muito ter chegado antes?
O ideal era ter chegado na parada da Copa das Confederações (na segunda quinzena de junho), ou até antes, mas se cheguei agora era para chegar agora. Estou muito feliz de estar aqui e estou me empenhando ao máximo. Não sou diretor de contratações também. Meu papel é administrar o elenco, cuidar de tudo que envolve o futebol e também trabalhar junto com a comissão técnica e detectar carências.

Como vê o trabalho do técnico Claudinei Oliveira? Ele está sendo avaliado neste segundo semestre?
A palavra certa não é avaliação, mas todos os profissionais do futebol vivem de resultados. Temos respaldo do Odílio (Rodrigues, presidente do clube até agosto de 2014), do Comitê de Gestão. A gente sempre quer mais. Eu me acostumei a vencer, ganhar. O Santos é time grande, de ponta. Não vai se contentar em ficar razoável. Temos que buscar o melhor. Temos que ter pés no chão que é um processo de transição e não teve tantas contratações. Tiveram boas, mas a gente carece fortalecer mais o grupo. O Claudinei tem feito um bom trabalho, e, na medida do possível, estamos conseguindo resultados importantes.

O Claudinei é o nome ideal para trabalhar com esse grupo recheado de jovens?
É importantíssima a presença do Claudinei nesse processo, por ter sido treinador da base por muito tempo e os jogadores terem esse respeito por ele. Ele é da cidade. Todos gostam dele. Eu vim justamente para dar esse suporte, por ser o primeiro trabalho dele no profissional.

Você fala com ele sobre o time que está jogando também?
Toda hora. Esse é a minha função também. Eu, como gerente, cuido da comissão técnica toda. Não sou médico, mas vejo como eles trabalham, o fisioterapeuta, a nutricionista e também a parte de futebol. Toda segunda fazemos uma reunião para avaliar a parte tática, técnica e o desempenho dos jogadores. Ele tem os auxiliares dele para o dia a dia, a parte tática e técnica, mas eu estou sempre falando com ele. Claro: a responsabilidade final no time é dele.

O Santos tem muitos atletas novos. Acha que eles sabem da sua história como jogador, dos títulos que conquistou e times que defendeu?
Não sei. Converso com a maioria, mas não sobre quem eu fui e sim sobre o que eles podem aproveitar jogando em um dos maiores clubes do Brasil. Não falo "Fiz isso, aquilo", mas os pais deles devem ter falado para eles "Esse cara foi campeão aqui, ali". Mas não falo muito de mim. O que falo é que eu vivi essas coisas sobre as quais dou conselho. Eu não estudei sobre adaptação no profissional, as coisas difíceis, as boas. Eu vivi tudo isso.
Um dos destaques do time no momento é o Gabriel, que acabou de completar 17 anos. 

Como você vê um jogador dessa idade virar titular?
Como atletas estão saindo cedo do Brasil, as oportunidades para jovens estão sendo dadas bem antes. O Gabriel, que foi o nome que você citou, tem de ser trabalhado porque é muito jovem. Ele só tem 17 anos. Ele tem me escutado bastante. É jovem e claro que às vezes vai cometer os erros da idade. Mas está escutando. E o que o Santos quer é o melhor para ele e o clube. Não tem só ele, mas Leandrinho, Alan Santos, Gustavo, Jubal, Emerson, Neilton, Alison. Cada um tem seu estilo. Uns estão mais centrados. Outros estão nesse processo de amadurecer. Outros estão muito imaturos. E a gente não que tem que sofrer a pressão da torcida e até de pessoas do próprio clube e queimar etapas com esses atletas. Tem de ser com calma.

Globoesporte.com

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